quinta-feira, 13 de novembro de 2008

PERCA total

"É necessário que a esperança se cumpra inteira para que se saiba o que é perde-la."
"E tudo o que nele cresce vai do que em mim diminui."
"Porque a força de quem sofre estimula a força de quem faz sofrer."
"Ver pouco é uma condenação, porque é um insulto dos outros. Mas ver muito também o é, porque é um insulto aos outros."

Estas quatro citações pertencem a um autor que aprecio particularmente - Vergílio Ferreira. Penso que, duma maneira geral, sistematizam a situação de vida presente das FS1 e FS2, no que respeita à vida académica.

Por ser algo que nos acompanha já há alguns anos, creio ser pertinente dedicar-lhe alguma atenção, para que possamos reflectir em conjunto sobre isto. Neste momento ainda não estarei, com toda a certeza, recuperada do choque que foi o dia de ontem. Não necessariamente pela opção que tomei - porque esta cisão era necessária e só peca mesmo por tardia -, mas fundamentalmente porque me vejo forçada a assumir que fomos derrotadas, duma forma tão astuta e insidiosa que me sinto envergonhada por semelhante desfecho.

Volvidos três anos, colhemos curiosidades diversas, andámos por terreno impérvio, seguimos um percurso errático e ilusório. Deu para rir enquanto durou, dá para chorar da miséria em que se transformou. Não obstante termos percorrido uma longa e sinuosa caminhada, temos de aceitar que voltámos ao ponto de partida. Pior, penso que conseguimos estar, actualmente, numa situação de maior PERCA (ridade) do que aquela em que começámos. Imbuídas dum qualquer espírito que se assemelha a uma crença no mundo justo (numa versão deturpada, obviamente), definimos um objectivo de longo prazo intangível, canalizámos todas as nossas energias num caminho que não fez, não faz e nunca fará qualquer sentido. Entregámo-nos voluntariamente a uma espécie de destino inexorável e encontrámos nele uma significação que nos supra ordenou. Seria o nosso sacrifício pessoal recompensado? Eventualmente. Se tivéssemos feito o que era expectável, no momento certo? Talvez.

Mas nós somos mulheres apenas no intervalo de tempo em que nos impedem de ser meninas. Lamento dizer-vos, mas a perfídia da existência humana ainda não nos conspurcou e, neste sentido, nunca seríamos capazes de entrar neste jogo para ganhar. A falta de consciencialização para esta questão potenciou a nossa realidade actual - com poucas ou nenhumas perspectivas, completamente esgotadas, em estado de total confusão mental. O antes e o depois são hoje um ponto de encontro de realidades sobrepostas e desconexas.
Hoje, somos espectadoras da nossa própria vida e esperamos ansiosamente por um momento de tréguas, por um pequeno espaço em que possamos cumprir os nossos dilacerados e desvirtuados projectos. Hoje, coabitamos num mar de dúvidas em que a única certeza é que temos ainda mais o problema e cada vez menos a solução. Hoje, somos subjugadas por uma pessoa cujo âmago desconhecemos, e que cujas intenções são demasiado obscuras para que eu lhes reconheça sequer uma linha condutora.

Hoje, aceito humildemente o sabor amargo da derrota e a lição que a vida me designou, assumo que perdi uma batalha mas estou convicta de que não perderei esta guerra.

1 comentários:

fs1 disse...

Mesmo na confusão e no lodo, fs2 não estás sozinha.

 

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