sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Who cares?

O ídolo da mana (entende-se porquê)
Só vou dizer: who cares? 02:20

Australia by fs1

Metade da equipa PERCA foi recolher esta gravidade:

Image Hosted by ImageShack.us


O filme é extenso e pode ser dividido em duas partes semi-independentes: rendição e renovação.
Sarah chega a um local inóspito, uma terra que julga ser a perfeita antítese da sua forma de estar, da sua cultura e do seu âmago. E é nessa terra, na aridez da poeira e do sentir que irá encontrar o amor em todas as suas diferentes facetas.
Austrália toca em alguns temas sensíveis: o amor, a liberdade, a responsabilidade pelos que amamos, o papel dos feiticeiros indígenas, as diferenças culturais entre os diferentes grupos e destes com Sarah, o misticismo e o som.
Infelizmente não aprofunda nenhum dos temas em particular, apesar de ser um filme longo.
As personagens estão bem entregues, a interpretação dos actores é consistente.
Quando Sarah finalmente se reencontra, o filme dispersa-se noutra direcção. A segunda grande guerra e o papel de Austrália na mesma. Obviamente, só é transmitido o que de facto toca na vida dos personagens. Afinal, este é um filme que fala de amor e relações humanas.
Que evoluem como evolui a terra e as estações.
O final é tremendamente previsível. O que não lhe retira mérito.
As personagens renovam-se na perda da guerra, na dor da morte e na esperança da vida. Crescem. Aproximam-se.
Criam raízes na terra que é, por si só, também ela uma personagem.
Abandonámos o cinema com os corações mais leves. E apaixonadas pelo Jackman ;)


Image Hosted by ImageShack.us

A luta na PERCA

Ora aqui está a nossa verdadeira banda sonora!

As Escolhas da PERCA - Primal Scream

Mais uma referência do universo alternativo...





As Escolhas da PERCA - Adele (Upgrade)

Esta música é lindíssima...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Rabiotel

Aviso cabeças que isto tem asneiredo ..mas é brilhante xD

Desespero...

O desespero de um homem traído !

Hippo de todo o rigor



As escolhas da PERCA - Celine Dion

Escolhi esta cantora, porque realmente gosto da voz dela. No entanto, como todos nós conhecemos os hits, fiz uma escolha de músicas do álbum novo "Taking Chances" de 2007 que provavelmente conhecem menos ;)

Aqui fica:





terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Teeth - o filme da PERCA

Pareceu-me que este filme é digno de figurar na PERCA:

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Corridas na PERCA

É caso para dizer: mais uma voltinha, mais uma moedinha ;)

In Memoriam - Mário de Sá-Carneiro

"Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro."

Desculpe?

Jaime Vishal, actor que pode ser visto na série “Equador”, suicidou-se aos 30 anos.
Comentário da agente do actor:

"Era simpático e bom profissional. Irradiava felicidade. Foi uma pena ter-nos deixado".


Portanto julgo que nunca me tentei suicidar porque nunca irradiei felicidade...

domingo, 25 de janeiro de 2009

In Memoriam - Fernando Pessoa

Nova tentativa de apelar à comparência da Mana... ;)

"Não inquiro do anónimo futuro
Que serei, pois que tenho,
Qualquer que seja, que vivê-lo. Tiro
Os olhos do vindouro.
Odeio o que não vejo. Se pudera,
Vê-lo, grato o não vira.
Se mo mostrarem num quadro, ou o virarem
Não tenho o que não tenho.
O que o Destino manda, saiba-o ele.
A ignorância me basta."

"Quanta tristeza e amargura afoga
Em confusão a estreita vida! Quanto
Infortúnio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou o bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anónimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou o sábio que, perdido
Na ciência, a fútil vida austera eleva
Além da nossa, como o fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inexistente."

As Escolhas da PERCA - Gnarls Barkley







sábado, 24 de janeiro de 2009

Lamechada da buena

Não sei como estes nos têm passado ao lado ;)



Constatação

A morte não se aproxima abruptamente.
Vai conquistando a tua alma aos poucos.
Há pessoas que, estando ainda vivas, estão já soberbamente mortas.

Rituais na PERCA - Parte I

Para quem vende teorias de aproximações e confianças... cuidado com os imprevistos. Right FS1? ;)

As Escolhas da PERCA - The Bangles

Isto sim são clássicos... e dos bons! Eu dou-vos o dirty dancing... ;)





sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

As escolhas da PERCA - Rammstein







In Memoriam - Vergílio Ferreira

"Cresce-me para o interior o couro duro que me reveste. Não sei o que me <> fique de dócil cerca, pronta a acusar a presença do acontecer da vida. De tal modo que, em certos dias, a imbecilidade, a traição, a hipocrisia, todas as vilezas humanas deixam-me indiferente. Procuro-me, aflito, e não me encontro para reagir. É como se vivesse sem sentidos ou os sentidos me fossem fria resistência passiva de sete fortes de cimento armado, sem armas de combate."

"Hoje aconteceu o que esperava. Nova derrota. É nestes momentos de maré baixa que eu me tento a acreditar que se é profundo apenas quando se mergulha em nós próprios; que a vastidão e profundeza do mundo nada é em confronto com a que xiste em cada um. Ou quererei eu apenas justificar-me da minha passividade?
Hoje vou escrever, vou. Está tudo feito. Falta só curvar-me sobre a mesa e entalar o cérebro e espremê-lo ali."

As escolhas da PERCA - Spider-Man OSTs



Meditação

by request do ilustre desenhador

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Interrogações

No outro dia estava a ver Private Practice e foi abordado o tema da pedofilia.
Sei que é um tema pesado que ultrapassa claramente o âmbito dos nossos posts anteriores, mas partindo dele e abarcando todos os desvios de ordem agressiva, pergunto-me se estes serão uma disfunção da mente. Ou se serão maldade.
O que é afinal a maldade? Outra forma de percepcionar o mundo? Onde o errado não é errado?
Como explicar a um pedófilo que deseja uma criança, que esse desejo é completamente desviante e doente? Será a doença por si só uma negação de si mesma. Poderá um pedófilo percepcionar-se a si mesmo como tal?

Poderá o ser humano compreender os seus próprios erros, detectá-los? Quando o seu sistema de valores lhe permite cruzar determinadas linhas que para outros são sagradas?
Poderá o ser humano superar-se? Ser mais do que foi até à data?
Afinal, qual é a evolução que realmente importa? A minha ou da Humanidade como Inconsciente Colectivo? Como é que esta resposta me pode importar se, na realidade, eu e a Humanidade pouco partilhamos actualmente? Quando os meus valores são valores que já não vigoram, quando as minhas leis são leis que já ninguém lembra?

As perguntas permanecerão sem resposta até ao dia em que a Verdade me queimar as retinas. Até lá, interrogo-me.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

As Escolhas da PERCA - PJ Harvey

Mais um nome incontornável do universo alternativo... Penso que, em breve, nos venha fazer uma visitinha... ;) (Aconselho vivamente a audição dos albuns uma vez que o youtube continua pouco colaborante)





terça-feira, 20 de janeiro de 2009

As escolhas da PERCA - Dirty Dancing

Ontem estive a rever este genuíno clássico.
Qualquer mulher que me diga que em adolescente não ficou chorosa por ela própria não poder ser aquela protagonista não padece de qualquer rigor ;________;





In Memoriam - Camilo Pessanha

Parece que o Mestre tinha bom gosto...

Canção da partida

"Ao meu coração um peso de ferro
Eu hei-de prender na volta do mar.
Ao meu coração um peso de ferro...
Lançá-lo ao mar.

Quem vai embarcar, que vai degredado,
As penas do amor não queira levar...
Marujos, erguei o cofre pesado,
Lançai-o ao mar.

E hei-de mercar um fecho de prata.
O meu coração é o cofre selado.
A sete chaves: tem dentro um carta...-
A última, de antes do teu noivado.

A sete chaves - a carta encantada!
E um lenço bordado... Esse hei-de o levar,
Que é para o molhar na água salgada
No dia em que enfim deixar de chorar."


Caminho

"Tenho sonhos cruéis; na alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta de harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu de agora,

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora."

As Escolhas da PERCA - Gary Jules

Penso que eu e a FS1 sejamos fãs quer da música, quer do filme...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Dar nas vistas na PERCA

Dar nas vistas by XP

Qual o objectivo? Será que vale a pena? Quais os resultados? E o efeito contrário?
Existe num determinado momento de cada pessoa que se acaba por dar nas vistas mas nem sempre os objectivos são claros ou os resultados possitivos…
Pode-se dar nas vistas
- na dança...
- na conversa…
- na escrita…
- no tipo de postura…
- entre outros
Mas qual o objectivo por detrás dessa postura?!?!?!?
Bem pode-se sempre alegar que a pessoa não é boa das ideias uma vez que para dar nas vistas tem de mudar o comportamento habitual… então se muda o seu comportamento é porque não está segura da sua postura ou então é porque pretende algo…
Mas se pretende algo e não quer mostrar que pretende algo após um comportamento estranho tem de ter um comportamento oposto para não chamar a atenção mas dessa forma chama mais a atenção para si e mais a confusão e depois no fim já ninguém se entende…
Conclusão ou os comportamentos têm uma evolução coerente ou dá em confusão e em definições “esta pessoa não é boa das ideias”.

domingo, 18 de janeiro de 2009

As Escolhas da PERCA - The Pretenders

Estes servem de banda sonora ao Manifesto Anti-Lamechada :P



sábado, 17 de janeiro de 2009

As escolhas da PERCA - Mia Rose

Esta menina ainda está a dar os primeiros passos mas já tem alguns momentos de miminho.

A descoberta deve-se ao nosso ilustre desenhador ;)





As escolhas da PERCA - Alicia Keys

Não sou grande fã desta senhora, mas aprecio muito esta música em particular:

Time's running out

Time's running out.
E o meu semblante envelhece.
O corpo ressente-se da passagem
das palavras e do som de vozes
esquecidas.
Sei que ainda não vivi as experiências
que queria, que a alma ansiava.
E ainda assim já vivi as chegadas
e as partidas de barcos silenciosos.
Time's just running out.

Def Poetry - Alicia Keys

Dedicado ao desenhador. E a meiga fs2, que reza a lenda partilha alguns traços com esta menina (roftlol)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

As Escolhas da PERCA - Skye Edwards

Esta Senhora abandonou os Morcheeba, o que é pena, porque é simplesmente fantástica...





Gravidade na PERCA

Estes, vá-se lá saber como, andavam esquecidos!



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

In Memoriam - Mário de Sá-Carneiro

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Outono na PERCA

FS2:

"Depois de tentar todos os caminhos, de oferecer todas as palavras, de traçar todos os destinos de vida possíveis e passíveis de almejar e cumprir."

O que é afinal o destino?
Para mim é a teia que nos leva ao final da existência. Pelo menos como a conhecemos. Imagino o destino como uma consequência directa de

escolhas passadas, mas que ainda assim nos oferecem escolhas pré-determinadas, caso escolhêssemos aquela opção em particular.
É este o meu conceito de destino. A porta C e D que só existem quando abrimos a porta A. Porque se tivéssemos aberto a B só existiria a E e F. Logo a C e D não poderiam ser escolhidas. Estariam de parte. E também só teríamos algumas portas à escolha com caminhos pré-determinados.

Fui confusa?
Eu própria sou confusa. Confundo-me e confundo quem me acompanha. Mas no fim do dia respiro fundo e sei que aprendi qualquer coisa.

Aprendi, por exemplo, que pessoas que escolhem o caminho mais fácil pagam sempre um preço a médio-longo prazo. Não podemos simplesmente enganar a vida forever.
Pessoas que se fotografaram e agora se olham com profunda mágoa das escolhas que um dia fizeram. Onde se perderam? Não sabem. Nem descobrirão.

O tempo apaga as pegadas. Deixamos de conseguir percepcionar qual o momento fulcral, que desencadeou todo o processo em que se vende a alma ao diabo.
Pessoas como essas, tendem a apreciar pessoas como nós. Pessoas que ainda conseguem vislumbrar quem foram um dia. Que talvez sejam idênticas quando se olharem no espelho, já idosas, e os olhos ainda forem vivos e honestos.

Quando penso nos dias quentes, laranjas de outono, que me vivem na memória (na memória todos os dias se tornam outono), ainda me recordo. Sei os motivos que guiaram os meus pés a estas águas estagnadas. Sei de mim. Não me deturpo, não me escondo, não me engano.
Não me refugio das palavras. Não amasso a matéria prima do tempo. Recrio-me.
Sei, ainda, os motivos que guiaram os pés de outros para longe destas águas estagnadas. Recordo-os. Se me souberam, não sei. Se me entenderam, se me recriaram nas suas mentes, se as suas memórias também são laranjas de outono.
Há quem diga que o Ser Humano só encontra o seu sentido no outro. Eu encontro o meu sentido na PERCA da inocência.

O tempo apaga as pegadas.

Manifesto Anti Anti-PERCA

Xp, só tu mesmo para gerar estas GRAVIDADES!

Anti-Lamechada by XP

Bem sendo a PERCA como é acho por bem demonstrar o meu desagrado que se vive na maioria dos Blog MAS NÃO na PERCA.
Lamechada…. Gostava eu de saber porque carga de água o pessoal perde tempo com coisas do género “ aí minha amiga és tudo para mim”,“Grande amiga”, “amiga do coração”é quase tão bom como “Meu amor meu penico voador”.
Porque é que se perde tempo com lamechada que não serve para nada eu penso e pondero e surgem-me algumas linhas de raciocínio:
1ªlinha: Querem mostrar o quanto a pessoa é importante.
Resposta: Mas está tudo parvo das duas, três ou quer atenção, ou é inseguro ou pronto é mesmo parvo.
2ªlinha: Há e tal quer dar um tributo na Internet à pessoa.
Resposta: Sinceramente… não é por se escrever “bem” de alguém que se está agradada com a dita cuja… portanto quando lerem algo e soou mal à primeira é porque é forçado…
3ªlinha: Quer retribuir o agrado.
Resposta: Não percam tempo com isso...para alem de ser lamechada da barata… quem lê é como se diz na gíria “entra a 100 sai a 200” e na semana seguinte esqueceram porque são palavras ocas…

Dito isto reitero deixem de ser “fifis” e em vez de falarem ou escreverem porcaria estejam calados … é como se diz “um gesto vale mais do que mil palavras”…

Manifesto anti-lamechada… “Abaixo textos lamechas...Abaixo blogs lamechas”

In Memoriam - Fernando Pessoa

"Anos e anos do que não fui eu
Vivi recluso no ser que era o meu.
Anos e anos de que nunca fui
Vivi submisso do meu ser que flui.

Agora, que a viagem é regresso
Ao que deveras sou, deveras peço
Que eu tenha num momento da viagem
Remorsos de mim mesmo ou da paisagem.

Porque, por muito que se a alma tenha
Afastado do mar que as praias banha
Da sua solidão universal,
Volta, de noite, sem que o luar venha,
Ali, num passo antigo e natural."


"Já que por sonhos posso ser quem quero
E por vontade posso ser quem sou,
Solene e alheio, minha vida espero,
E nem sonho, nem quero, nem me vou.

Firme em ser nada, plácido de tudo,
Sem outro anseio que o de conseguir
Um solitário eremitério mudo
Onde me morra o modo de sentir,

Serei rei próprio, governando nada,
Da mais alta janela do meu ser,
Fitando, em trajo ritual, a estrada
De onde ninguém virá para me ver."

As Escolhas da PERCA - KT Tunstall

Sou bastante apreciadora das músicas desta Senhora...





As escolhas da PERCA - Mafalda Veiga

Por pedido do nosso desenhador:



quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tesourinhos II



O Abandono - Versão Prosa

FS1:
Aguardamos num desespero mudo que nos devolvam as palavras que um dia ousámos pronunciar. Recordamos o nosso discurso de outrora, cheio de sonhos e promessas por concretizar. Quem o guardou? Nada nos dizem. Refugiam-se no silêncio pungente que trespassa as horas dos nossos dias infindáveis. A cada dia que passa, a esperança que nos habita esmorece um pouco mais. As certezas dilaceram-se um pouco mais. A ansiedade e a angústia corrompem o optimismo que restou desde a última tentativa. Para quando a derradeira?

Hoje não te falo numa derrota, porque não o é. Em boa verdade, é uma vitória. Desistirmos da maquinação execrável que prepararam para nós. Diz o truísmo que não se perde aquilo que não nos pertence. E não será um pouco assim? Hoje falo-te da abdicação, no sentido grandioso e criador da palavra. Do abandono, voluntário e consciente. Não é uma desistência, é uma espera, ainda que imbuída de incerteza. Depois de tentar todos os caminhos, de oferecer todas as palavras, de traçar todos os destinos de vida possíveis e passíveis de almejar e cumprir. Depois de recolhermos os sonhos de vida dilacerados, de os remediarmos, de nos colocarmos neles como participantes incondicionais. Depois de todo o sacrifício resta, por fim, o abandono. Sabes porquê? Não podemos ser espectadoras da nossa própria vida eternamente. Mais, não podemos viver a vida daqueles que hesitam sobre qual o papel que nos pretendem atribuir. Ouvi em tempos que abandonar aquilo que mais se gosta era um acto grandioso. Não sei se concordo totalmente, mas também não consigo discordar. Mas depois de todas as tentativas infrutíferas de criar sentido, pouco nos resta senão aguardar.

Mas aqui, no local lúgubre de onde observamos a vida, há muito que o sol deixou de raiar. Há muito que nos votámos ao monocromático, ao tenebroso e pesaroso mundo dos cinzentos. Para quê? Para ajudar a criar significado a quem o deveria ter percebido no instante em que cruzou o nosso caminho? Porque há pormenores que definem as pessoas e esses não podem passar despercebidos. Porque não vais encontrar igual, por mais que procures. E terás de o saber no instante efémero em que surgem porque, ao hesitar, perdes a oportunidade. E a vida segue o seu curso inexorável, indiferente às tuas aparentes e ininteligíveis dúvidas existenciais.

O tempo é um bem precioso e nós desperdiçamo-lo demais. Com quem não o desperdiça connosco. Com quem falhou o mais básico e singelo exercício de observação. Com que insiste numa busca incessante, recusando aceitar que já encontrou o alvo da procura.

Comungo do teu abandono. Abdico de entender, de procurar, de me sacrificar. Regresso a mim com o ingente mar de dúvidas com que parti. Mas regresso da viagem que não iniciei, dos sonhos que não procurei, das palavras que preferia nunca ter ouvido. O que conspurca e fere não é tanto a ausência, mas a presença ausente, a impassibilidade, o estoicismo.

Hoje abandono aquilo que não consigo resolver em mim. Não se luta sozinho contra a imensidão da vida. Há um hiato que nos separa e que não nos ajudam a minimizar.

Sento-me, a teu lado, a observar o curso do rio, na certeza incerta que, um dia, o calor do sol voltará a acalentar o nosso coração, e que o arco-íris mais fulgente voltará a encher de cor a nossa alma.

As Escolhas da PERCA - Groove Armada

O Universo electrónico volta a fazer a sua aparição. Infelizmente não consegui arranjar a My Friend... :(





Mordillo na PERCA

Achei que o momento actual da PERCA pedia mais alguns Mordillos. :)

Aqui ficam algumas escolhas. Optei por não diminuir as imagens porque a qualidade não é excelente.

Image Hosted by ImageShack.us


Image Hosted by ImageShack.us

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Complementaridade da PERCA

Para o nosso ilustre desenhador... Tens um dom complementar ao nosso, mereces a nossa admiração por isso :)

Abandono

Cubro-me com todas as palavras que nunca escrevi
e as que nunca me escreveram.
Deito-me, queda, de tal forma silenciosa
que nem eu ouço o peso imenso do silêncio.
No chão morrem desenhos que a mente
delineou. Morrem memórias e sonhos.
Cerro os olhos. Interrogo-me sobre a possibilidade
de dormir todo o Inverno.
O sono chega devagar. Um sono piedoso,
que me beija as pálpebras e os cansaços.
Penetro na infinitude de mundos
que habitam a perfeição do onírico.
Abandono o corpo morto. Abandono
as palavras que nunca escrevi.
Abandono também as que nunca me escreveram.

As escolhas da PERCA - Savage Garden







Desassossegos

FS2

"Deixa-me dizer-te que há sossegos que nos desassossegam, que nos inquietam duma forma atroz."

Há sossegos que são neles próprios desassossegos. Que nos rompem o tecido da realidade. Seja ela social ou psíquica. Não há nada neste mundo que me surpreenda neste momento. Há muito que sei que as regras não foram criadas para nós.
E como diria Morgaine, há silêncios que gritam. E os gritos atingem-nos, desiquilibram o fino espaço entre o que é permitido e o que não é.

Existem comportamentos e escolhas que nunca iremos compreender por muito que dediquemos o nosso tempo e a nossa mente a essa tarefa. Mas porque o tempo também é uma escolha, escolhemos muitas vezes debruçar-nos nos mistérios dos silêncios que nos rodeiam.
Porque o Homem, desde sempre, teve medo das palavras. Do som que fere e humilha. Que despe e traz à luz do dia os nossos monstros particulares. Por isso mesmo, sempre foi fácil a recolha. A hibernação. O imenso silêncio com que brindamos quem não conseguimos enganar.

Como tentamos, tantas vezes em vão, enganar-nos a nós mesmos. É assim a raça humana.

Depois existem pessoas como FS1 e FS2. Que vivem num limbo onde a honestidade ainda é uma virtude. E a transparência. Onde a única máscara válida é o próprio rosto. Onde aguardamos pelas pessoas que hibernam e se escondem no limiar da verdade. "Porque existe edificação

suficiente em saber gostar incondicionalmente". Porque só sabemos ser assim, tão simplesmente nós próprias.

Aguardemos então, a queda de Sodoma e Gomorra. Aguardemos o peso e o grito do silêncio.

Lamentavelmente, sabemos ambas que mais não sabemos ser que nós próprias. Que mesmo quando estamos perdidas e julgamos não reconhecer as marcas indeléveis de nós, ainda é a nossa pele que pende das paredes.

"Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido - sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente, e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus. Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como eles, nem aceitei nunca a Humanidade." Bernardo Soares in Livro do Desassossego

Desabafo da PERCA

FS1,

Deixa-me dizer-te que há sossegos que nos desassossegam, que nos inquietam duma forma atroz. Que há silêncios que ferem e que dilaceram. Que há ausências que magoam, mas que existem presenças que, de tão ausentes, ainda magoam mais. Que nos oferecem palavras imbuídas de estranhas e ininteligíveis razões. Que há sentidos que, por mais que tentemos, não vamos conseguir alcançar. Continuamos empenhadas numa procura incessante daquilo que já encontrámos. Sabemos a resposta, não sabemos o caminho para lá chegar. Sejamos pacientes.

Deixa-me dizer-te que passámos a funcionar da forma mais primitiva que existe – por tentativa e erro. Que entrámos abertamente em estratégias perder-perder. Que já questionámos tudo até ao ínfimo pormenor e, quanto mais indagamos, menos entendemos. O nosso discurso é prolixo, falamos dos assuntos muitas vezes, de formas diferentes. E será que vamos encontrar o caminho da luz por aqui? Vamos continuar a tentar.

Estamos destroçadas, emocionalmente falando. A nossa díade mantém a sua postura catártica, fiel a si própria e ao seu fado. Mas, infelizmente, acho que somos demasiado parecidas para nos conseguirmos ajudar. Enveredámos, portanto, numa política aberta de apoio social. Somos duas pessoas, sofredoras da mesma doença, partilhando um mesmo espaço, falando sobre os factos da vida. Sabes que se eu superar isto tu, por analogia comigo, conseguirás superar também? Sabes que, estando juntas, custa menos? Os nossos coleguinhas provaram que sim.

Ainda assim, habitamos numa realidade inextricável. Pelo menos para nós, que somos similares, e desconhecemos os segredos obscuros de certas psiques. Desconhecemos? E se eu te disser que até já sabemos demais? Baixámos a guarda, perdemos o discernimento. Hoje somos duas jangadas a navegar no alto mar, como tu dizes. Mas haveremos de atracar nalgum sítio…

Mas não te preocupes. Há em nós muito mais do que eles pensam poder existir. Muito mais do que o aparente sucesso das causas-efeitos lineares. Estão demasiado auto-centrados para o percepionar. No nosso âmago existem as meninas que um dia se vão revoltar, que vão derramar as lágrimas de sangue que hoje oprimimos. Porque elas sofrem em silêncio a dor que lhes é infligida pela constância da sua inconstância. Sabes disso?

Porque, um dia, eles também irão ver a luz. Julgam-se hoje iluminados, omniscientes e omnipotentes, a criar um qualquer espaço onde não podemos penetrar, mas um dia eles vão entender que lutámos sozinhas contra a inexorabilidade do destino. Que foram fracos, porque se refugiaram em máscaras opacas, por mera cobardia. Porque, pura e simplesmente, perdem tempo a lutar por causas perdidas, por não terem a humildade de colocarem de parte um pouco do seu orgulho. Porque se votaram ao fácil e ao medíocre, e a magnanimidade requer um pouco mais do que isso. Temos um mundo ignoto para oferecer e isso assusta. Eles sabem-no, estão a aprender a viver com isso.

Ainda nos resta a nossa imensa racionalidade e a nossa incomensurável capacidade de gerar sentidos. Mais grave, resta-nos também força suficiente para acreditar nisso. Um dia vamos renascer das cinzas, e as partes infinitesimais dos nossos seres, hoje depositadas em todos estes raciocínios e desabafos sem nexo, vão criar um uno coerente e imarcescível.

FS1, somos ingentes. Nunca duvides disso. Aguardemos pois, em conjunto, o momento da revelação, o momento da maturação das ideias. Quando voltarem do seu isolamento ilusório, quando abandonarem as suas realidades oblíquas, nós estaremos cá para os receber, com um singelo afago no cabelo, como damos às crianças pequenas quando fazem disparates. Porque existe grandeza suficiente em saber perdoar mesmo quando temos a razão. Porque existe edificação suficiente em saber gostar incondicionalmente. Seremos genuínas do primeiro ao último momento porque, acima de tudo, temos de ser fiéis aos nossos princípios. E não há maquinação alguma que possa corromper isso.

“Mas eu conheci-te no espaço do imaginário, sem realidade plausível para poderes ser real. Mas no imaginário é que é tudo e o real é uma procura para se encontrar com ele. “

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

In Memoriam - José Régio

Não sou grande conhecedora da obra do Poeta, mas creio que também merece figurar aqui...

Poema do Silêncio

"Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. Ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! Que eu não fale!

Ah! Também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! Que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! E meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! E porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome."

As Escolhas da PERCA - Dirty Vegas VS Weekend Players

Já têm uns aninhos mas continuam a valer a pena...





domingo, 11 de janeiro de 2009

In Memoriam - Antero de Quental

Primeiros Conselhos de Outono

"Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da natureza:
- «Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel deveza,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária,
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor das mil, que amaste,)
Com ódio e raiva e dor - que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!»"

sábado, 10 de janeiro de 2009

Tesourinho

Língua portuguesa versão sua madrinha

Auto-defesa

Depois da porrada, algumas técnicas de auto-defesa.
Cortesia da mana ;)

In Memoriam - Fernando Pessoa

O Mestre tem umas coisinhas a dizer FS1...

"Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta do irreal céu.

Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Algum bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco. Esse era
Meu emissário, e eu, e o que comporta
O meu orgulho que já desespera.
Abre a quem não bater à tua porta!"

"Qual foi a suposição
De anseio ou felicidade
Que veio ao meu coração
Trazer-me mais ansiedade?

Foi o supor que, se eu fora
Quem nunca poderei ser,
Seria mais calmo agora
O ser que me sinto ter?

Foi o pensar que talvez
Um futuro imaginado
teria em si uma vez
Em que eu fosse bem fadado?

Seja o que for, qual foi ela -
Aquela suposição
Que me foi como uma estrela
Dentro do meu coração?

Talvez, afinal, não fosse
Mais que uma nuvem passar
Restituindo ao sol que a trouxe
A luz que ele sabe dar."

As Escolhas da PERCA - Ne-Yo

Não é que este género de música seja meu apanágio, mas para este rapazinho nós abrimos uma excepção...



RAP também equaciona sobre a crise

Ou estou fortemente enganado (o que sucede, aliás, com uma frequência notável), ou a história de Portugal é decalcada da história de Pedro e o Lobo, com uma pequena alteração: em vez de Pedro e o Lobo, é Pedro e a Crise.
De acordo com os especialistas - e para surpresa de todos os leigos, completamente inconscientes de que tal cenário fosse possível - Portugal está mergulhado numa profunda crise. Ao que parece, 2009 vai ser mesmo complicado.
O problema é que 2008 já foi bastante difícil. E, no final de 2006, o empresário Pedro Ferraz da Costa avisava no Diário de Notícias que
2007 não iria ser fácil. O que, evidentemente, se verificou, e nem era assim tão difícil de prever tendo em conta que, em 2006, analistas já detectavam que o País estava em crise. Em Setembro de 2005, Marques Mendes, então presidente do PSD, desafiou o primeiro-ministro para ir ao Parlamento debater a crise económica. Nada disto era surpreendente na medida em que, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, entre 2004 e 2005, o nível de endividamento das famílias portuguesas aumentou de 78% para 84,2% do PIB. O grande problema de 2004 era um prolongamento da grave crise de 2003, ano em que a economia portuguesa regrediu 0,8% e a ministra das Finanças não teve outro remédio senão voltar a pedir contenção. Pior que 2003, só talvez 2002, que nos deixou, como herança, o maior défice orçamental da Europa, provavelmente em consequência da crise de 2001, na sequência dos ataques terroristas aos Estados Unidos. No entanto, segundo o professor Abel M. Mateus, a economia portuguesa já se encontrava em crise antes do 11 de Setembro.
A verdade é que, tirando aqueles seis meses da década de 90 em que chegaram uns milhões valentes vindos da União Europeia, eu não me lembro de Portugal não estar em crise. Por isso, acredito que a crise do ano que vem seja violenta. Mas creio que, se uma crise quiser mesmo impressionar os portugueses, vai ter de trabalhar a sério. Um crescimento zero, para nós, é amendoins. Pequenas recessões comem os portugueses ao pequeno-almoço. 2009 só assusta esses maricas da Europa que têm andado a crescer acima dos 7 por cento. Quem nunca foi além dos 2%, não está preocupado.
É tempo de reconhecer o mérito e agradecer a governos atrás de governos que fizeram tudo o que era possível para não habituar mal os portugueses. A todos os executivos que mantiveram Portugal em crise desde 1143 até hoje, muito obrigado. Agora, somos o povo da Europa que está mais bem preparado para fazer face às dificuldades.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Explicação para a crise mundial

Tal como dizia a apresentação do primeiro vídeo deixo aqui bons motivos para que as pessoas entendam que legalizar o aborto foi o melhor que aconteceu no país. Mais grave: pessoas como estas votam. Compreendem agora a crise? Pois.





O admirável mundo dos Pássaros

Já se sabe que nutro especial carinho por estes pequenos seres...





Porrada na PERCA

Um pequeno clássico para a ala mais nova da nossa PERCA:

A velha da PERCA - Continuação

A desgraça continua... Começo a achar que viver no Porto talvez não seja tão mau como equacionei numa primeira instância...

A velha da PERCA

Eu sei que a FS3 nos vai matar por isto, mas tendo em consideração que fomos semi abandonadas, isto poderá ser encarado como uma pequena revolta...






Resposta à Unidade - O mundo tenebroso das Relações Sociais

Li as tuas palavras e pensei, por momentos, que o que escreveste poderia ser o meu próprio discurso. Em tempos falaste também sobre as relações sociais e a sua complexidade. Deixo aqui o meu contributo em relação ao tema, desta feita sem recorrer aos senhores omniscientes da nossa área.

Muito daquilo que fui já o sistematizei quando falei da desindividuação. Quando era mais nova era sensivelmente como tu. Aprendi correctamente a lição, era profundamente criteriosa. Julgava ter o dom da palavra. Julgava ter a argúcia de raciocínio. Julgava ter uma infinidade de coisas que não reconhecia na maioria das pessoas, e isso bastava-me. Dizia que as pessoas tinham de gostar de mim pelo que eu era e que, eventualmente, as que valiam a pena ficavam, as que não valiam partiam. Por outras palavras, as fúteis acabariam por procurar alternativas, as diferentes teriam alguma curiosidade em estabelecer uma relação social.

Durante algum tempo esta premissa fez-me sentido. Em parte, ainda hoje lhe consigo reconhecer alguma verosimilhança. No entanto, a minha posição era profundamente distante e passiva. Não lutava pelas pessoas, esperava que elas se identificassem com alguma coisa e lutassem por mim.Com o passar dos anos, claramente inadaptada ao conceito da superficialidade, optei por criar relações intensas com meia dúzia de pessoas. Criei várias relações dessas, sendo que a maioria se perdeu, umas por uns motivos, outras por outros. Sempre exigi muito dos outros, talvez porque tenha consciência daquilo que exigo a mim própria e do que tenho capacidade para oferecer. Neste sentido, cada decepção ou desilusão era-me inflingida uma e uma só vez. Daqui decorreram vários danos colaterais, como é óbvio. Com o tempo percebi que a minha inflexibilidade magoava as pessoas. Com o tempo percebi que magoar os outros tinha uma interferência atroz no meu equilíbrio homeostático.

É claro que a minha perspectiva histórica explicaria, porventura, alguns episódios que se passaram. Considero-me uma construção social de grande complexidade. Levei anos a transformar-me naquilo que sou hoje. Quando era mais nova era excessivamente boa. Entretanto aprendi habilmente a defender-me. Criei um conjunto de mecanismos de defesa que me permitiram gerar um distanciamento face aos outros completamente assustador. O que eu ainda não tinha equacionado era que, no limite da indiferença, não existe nada. Permanecer no limbo e assumir uma perspectiva de vida estóica é efectivamente muito lírico, mas profundamente erróneo e vazio. Sou uma pessoa intensa, não sei viver no limiar do morno. Não sei viver no limiar da vida. O mais difícil de vencer é, ainda hoje, encontrar um meio termo entre os momentos em que devo avançar e aqueles em que devo recuar, e esta situação gera-me dissonância suficiente para que permaneça inoperante na maioria dos casos.

Nunca arrisquei em nada. Sempre fiz as apostas que considerei seguras, as que já estariam ganhas à partida. Como seria expectável, foi precisamente daí que recebi as maiores derrotas. Mas fiz pequenas aprendizagens, nomeadamente a saber retirar o que há de positivo em cada situação, por mais miserável que seja. Recuperei uma pequena parte da minha sensibilidade, o que já foi muito bom, mas raramente tenho capacidade de a mostrar. A ideia de ficar vulnerável aflige-me. A ideia de ser manipulada e subjugada incomoda-me. Disseram-me em tempos que tinha dificuldade em me expressar emocionalmente. Fiquei piursa obviamente, não por terem sido injustos, mas por estarem cobertos de razão. Nem sempre consigo domar o monstro social em que me tornei e isso entristece-me. No entanto, preciso de pessoas sensíveis em meu redor, talvez porque acredito que, um dia, esta catarse venha a ter efeitos positivos. Talvez porque elas me consigam ceder alguma da ternura que recalquei em mim e que, algures no tempo, se perdeu. Em suma, penso que não sei lidar com a sensibilidade, ponto final. Isto afecta as minhas relações sociais em grande medida, porque desconheço a noção de meio termo. Ou dou tudo, ou não dou nada, e são poucas as pessoas que merecem alguma coisa de mim.

Passei pela faculdade da mesma forma que tu. Criei e destrui laços. Seriam realmente importantes? Penso que aquilo que é relevante na nossa vida acaba por ficar. As relações que são realmente fortes não se abalam com meia dúzia de vicissitudes, e aqui falo por experiência própria. Neste ponto, faço mesmo uma atribuição externa: tivemos azar, muito.

Continuo a acreditar no destino inexorável e noutras assunções similares. Há pessoas que entram na nossa vida que são efectivamente especiais. Cabe-nos apenas reconhecê-las, com base nos nossos critérios. Se há coisa da qual me orgulho é de ser uma boa avaliadora da espécie humana e, nessa medida, tenho de assumir que se deixei partir alguém foi por que, em certa medida, essa pessoa me falhou de alguma forma.

Despeço-me, concluíndo este desabafo com um corolário que assumo para mim: existem pessoas que são efectivamente um mundo para nós. São poucas as que posso colocar neste grupo, mas tive o privilégio de conhecer algumas. São as que nos oferecem um olhar ternurento e um sorriso condescendente, em qualquer situação. São as que nos fazem sentir seguras e meninas outra vez. E é nesse espaço que me restabeleço e recupero aquilo que a vida, ao longo do tempo, corrompeu em mim.

"Há uma criança em ti que te acompanha sempre. Mantém-na em disciplina para não cometer disparates. Mas não te envergonhes muito dela, atende-a de vez em quando. Porque quando ela te não acompanhar, só já te resta morrer." - V. Ferreira

As Escolhas da PERCA - Kosheen

Música de dança a roçar o alternativo também fica aqui muito bem... "Give me these two strong eyes to see the difference between truth and lie" ;) A Harder também tem miminho mas só arranjei versões do medo...





Dedicatória à FS1

Oferta singela para a FS1... (acho que sabes de quem é...)

"Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem."


"Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa."

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

As escolhas da PERCA - David Fonseca





Unidade

Lembro-me que em tempos fui una.
Era uma criança solitária mas imaginativa. Abraçava o mundo e o mundo abraçava-me a mim. Depois a lógica ruiu a meus pés. E a minha psique fragmentou-se. Não porque seja esquizofrénica. Mas porque de mim emergiu outra pessoa. Que me acompanha até hoje.
Dela, da outra, surgem pensamentos antagónicos aos meus mas complementares. Eu sou doce. Ela é gélida. Eu sou simpática. Ela é irónica.
Cresci a crer em morais e premissas que ela pôs em questão toda a minha vida. Adoptei as verdades que não eram minhas. Assumi-as e por elas lutei e enfrentei as minhas desilusões.

Depois veio a adolescência e os amigos que hoje já não sei. Um por um todos partiram de mim, em busca das suas vidas e dos seus caminhos.
Lentamente abri mão das minhas bases. Destruí-as. Já não era eu. Ela foi aos poucos tomando conta da menina que fui.
E com Ela, aprendi a defender-me das expectativas, dos sonhos e da esperança. Resignei-me às regras da sociedade e das relações inumanas que atravessam as pessoas.
Isolei-me. Simplesmente as pessoas deixaram de me fazer falta como faziam. Aprendi que tudo o que inicia, termina.
Aprendi que não existe solidez nas amizades ou mesmo no amor. Aprendi que teria que aprender muita coisa e desaprender outro tanto se queria sair sã mentalmente desta encruzilhada que é a Vida.

Restou apenas a indignação. Ainda consigo ter a capacidade de me indignar perante a injustiça e o desamor. Aos poucos até mesmo essa capacidade vai cessando dentro de mim. Mas ainda sobrevive.
Dentro de mim eu e a outra conversamos e decidimos quem luta determinada batalha. Quem responde desta vez.
Redefinimos a minha face todos os dias, a todo o momento. É assim a luta pela sobrevivência no mundo que é o nosso.

Hoje penso na fragilidade dos laços. Dos laços que deixei de criar. Simplesmente porque não há tempo e porque o tempo é caro.
Quando chegava à escola nunca cumprimentei milhentas pessoas. Nunca aderi a modas e merdas. Na faculdade passei transparente. Será assim uma vida inteira. Não prendo os olhares a mim. Nem as pessoas. Mas também não prendo as falsidades. Nem as desonestidades, os abraços vazios, os sorrisos ocos. Sei-me. E quem amo, sabe-me.
Isso basta-me.

As escolhas da PERCA - Within Temptation





PERCA Cartoon

FS1, quem é que faz de amarelo por estes dias? :(

As Escolhas da PERCA - Buraka Som Sistema

A banda sonora oficial da trope Angola... FS1 já iamos embora daqui não? O ar subitamente tornou-se irrespirável... (infelizmente o Sound of Kuduro, gravado em Angola, não me parece disponível).



In Memoriam - Fernando Pessoa

Volta a MANA, volta o Reis... porque será? (políticas de aliciamento de vão de escada? ;) )

"Se recordo quem fui, outrem me vejo,
E o passado é um presente na lembrança.
Quem fui é alguém que amo
Porém somente em sonho.
E a saudade que me aflige a mente
Não é de mim nem do passado visto,
Senão de quem habito
Por trás dos olhos cegos.
Nada, senão o instante, me conhece.
Minha mesma lembrança é nada, e sinto
Que quem sou e quem fui
São sonhos diferentes."

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Sente-se onde há papel

Finalmente, pude tirar alguns momentos para contar o sente-se onde há papel, um genuíno clássico da nossa vida académica. Para isso teatralizei o momento, vejamos:

Meigas fs's chegam à sala para prestar prova. Encaminham-se para as mesas do auditório onde se encontram as folhas de rascunho. Meiga fs1 pousa a mala na mesa preparando-se para se sentar quando súbita e medonhamente:

- SENTE-SE ONDE HÁ PAPEL! - by she-hulk também conhecida como prof de qualquer coisa que o valha.

meiga fs1 - Oo - *ar confuso do género "desculpa? tás a vender peixe? que perca é esta? estás a vender-me chaputa por PERCA???"*

- SENTE-SE ONDE HÁ PAPELLLL!

meiga fs2 - OO - *ar um pouco mais confuso do género "a she-hulk está a tentar comunicar com fs1?? será um golpe de sua madrinha? será um momento pidesco?"

meiga fs1 - desculpe? (mas é atrasada mental? mas qual papel? o de rascunho? mas esta tipa não se manca que só tou a deixar a mala? será que esta também gera a cagação de noite?)

- SENTE-SE ONDE HÁ PAPELLLLLL!!!!

meiga fs2 - ?
meiga fs1 - professora...estou APENAS A DEIXAR A MALA. (já pensou em comunicar como os seres humanos ao invés de grunhir? já pensou em procurar ajuda profissional? porque é capaz de ter cura? ou pelo menos poderem-lhe garantir os cuidados mínimos de saúde)

- grunhido imperceptível.


É nestes momentos que eu compreendo a importância do acompanhamento precoce das doenças mentais. E tenho dito.

Mails de Turma - Parte VI

Após várias tentativas eis que encontrei o miminho do meu promitente orientador... Este tipo é o meu herói!

Bom dia.
A mensagem suscita-me algumas perguntas e muita perplexidade (dúvidas existenciais da PERCA).
1. A que Unidade Curricular se refere? (a que PERCA se refere?)
2. A mensagem assume que eu não ?dou? matéria que menciono no programa (parece-me uma acusação!). Continuo a não saber a que se refere, independentemente da da UC visada (não gerem dúvidas no meu orientador, por favor, preciso que ele esteja em perfeitas condições!).
3. Finalmente, constato que uma aluna do 2º Ano de uma Licenciatura (aluna universitária e não de liceu, portanto) utiliza um estranho objecto linguístico: ?stor? (estranho objectivo linguístico - PERCA). Apesar de ter procurado em dicionários, não consegui detectar o significado da palavra. ?Stor?, quem ou o quê será tal coisa numa universidade? Desconheço, mas não deve ser nada de importante? (Certíssimo, a única coisa a reter em PSO são as duas FS's, ponto final).
Reitero: nos testes e/ou exames do próximos dias, nenhuma questão será introduzida que não diga respeito a assuntos abordados nas aulas (mais uma volta...). Repito: nenhuma (mais uma voltinha, os meninos não pagam mas também não andam!).Para quem julga poder tirar algum partido dos auxiliares visuais das UC?s de P. P. e E. F.P.C. (espero que não pense em substituir leituras e estudo) seguem, em anexo, os slides ppt solicitados (espera sentadinho que não te quero cansado!).
Desejo a todos um bom resto de fim-de-semana (e morram, por favor).

The Real Godfather

Mails de Turma - Parte V

Finalmente encontrei o ex-libris da Profiler...

Agradeço que não voltem a enviar PERCAS de email de grupo sem serem assinadas (será que ela saber fazer hipnose?).Hoje recebi duas.Se ainda não havia menviado as notas, era porque os trabalhos não estavam corrigidos (ainda não? maravilha!). Não estou na praia (isto é, não estou à pesca de PERCAS).É natural que os professores se zanguem quando os direitos dos alunos são exercidos de forma que não envolve a compreensão, e não envolve a transparência (chegou e disse, tirou o chapéu e foi-se!).Espero que não se repita (medo aqui!).
Obrigada e desculpem todos os que estão alheios a este problema (procura de criar um bode expiatório),

The Profiler

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A PERCA da Individualidade ou a flagelo da Desindividuação

Foi em 1969 que Philip Zimbardo desenvolveu uma teoria muito propalada em PS, denominada por teoria da desindividuação, que postula que o estado de desindividuação é activado nos indivíduos quando estes se inserem em multidões ou em grandes grupos. Este estado caracteriza-se por uma diminuição da consciência do self (o EU) e da individualidade o que, por sua vez, irá reduzir a capacidade dos indivíduos se retraírem, assim como a regulação normativa do seu comportamento. Duma forma mais lata, a teoria tenta explicar a aparente transformação de indivíduos racionais em grupos ou multidões desregradas e desinibidas. Nesta perspectiva, o conceito de desindividuação preconiza a mudança da consciência individual como forma de adaptação à sociedade caracterizando-se, igualmente, pela ausência de um sentimento de individualidade distinta ou de autoconsciência.

Confesso que durante muito tempo esta teoria pouco ou nada me disse. Em boa verdade, arrumei-a no baú dos tesourinhos deprimentes de PS, até porque a experiência que a sustenta é simplesmente atroz e vota a existência humana a uma miséria incomensurável. Anos volvidos, quando me debrucei novamente sobre o tema, consegui identificar-me com o conceito, a ponto de o apropriar e de o transpor para a minha experiência de vida, ainda que de uma forma generalista e transversal.

Sempre segui um percurso de vida relativamente errático. Sem falsas modéstias, acho que passei por muita coisa cedo demais. Aprendi, ainda jovem, a viver com a angústia insuportável do “nunca mais, para sempre”. Tive as respostas antes de me serem colocadas as questões. Acreditei na grandeza dos homens por pouco tempo: há quem diga que somos todos bons até prova em contrário. Eu inverti esta premissa, quando tomei consciência que a perfídia existe e surge, infelizmente, donde menos (e de quem…) menos se espera. As minhas percepções de justiça sofreram danos irreparáveis quando a vida ainda me parecia idílica. Sempre tive as certezas sem sequer ter a necessidade de colocar a dúvida, raramente construí hipóteses para as poder confirmar ou infirmar. Neste sentido, e talvez por ter percepcionado antes de tempo qual o caminho a seguir, optei por envidar esforços a galgar terreno impérvio.

Há algum tempo atrás, um amigo resumiu-me da seguinte forma: “Sempre te conheci à procura de um caminho e ainda estás. Tenho uma perspectiva histórica tua, acho que tens muito potencial, mas andas agora preocupada em vestir o estereótipo social e em ser uma pessoa que não és.” Obviamente que escarneci um pouco na situação e avancei rapidamente com um conjunto muito verosímil de justificações e argumentos de toda a espécie. Mas, naquele momento, ele sistematizou-me duma forma tão clarividente e tão singela que eu não tive humildade suficiente para comungar da sua opinião e assumir o erro crasso que estava a cometer.

Já se sabe, sou das ideias fixas, dos testes, das racionalidades, das teorias. Quando era mais nova, as certezas do mundo habitavam-me, vivia imbuída de raciocínios que era diferente e que deveria superar a todo o custo a vulgaridade e a mediocridade. Vivi bem com isso durante muitos anos e era, indubitavelmente, muito mais feliz do que sou hoje em dia. Algures no tempo, alguém abalou os meus alicerces. Recolheu as minhas palavras e usou-as como argumentos ad hominem. Destroçou-me com o meu próprio discurso e questionou todas as minhas verdades axiomáticas. Aqui começou um longo e desgastante processo de desindividuação. Tinha sido desafiada e, infelizmente, não resisti à tentação de entrar no jogo. Mas eu esqueci-me que para se poder ganhar é preciso primeiro aprender a perder. Andei anos a tentar provar que as acusações não faziam sentido e, durante todo este tempo, esqueci-me do mais simples: assumir a diferença e defendê-la, porque a minha idiossincrasia não deveria em momento algum ser alvo de ameaça. Envidei por relações sociais sem qualquer interesse, desvelei-me em milhentos contextos. Aquela que outrora era intangível era agora um livro aberto cheio de tesourinhos deprimentes para partilhar. Mais grave, e talvez o mais preponderante e lamentável de tudo isto, andei anos a viver em função de terceiros, e não em minha função.

Comecei um ininteligível processo de reestruturação mental. O erro estava em mim e não nos outros. Eu era a inacessível, a inatingível, a incognoscível, a inexorável, a impassível, e assim sucessivamente. Completada a mentalização, seguiu-se a experimentação, assim como todos os danos colaterais que daí decorreram. Não tenho noção da quantidade de pessoas que entraram e saíram da minha vida, tal o disparate a que me votei. Pelo meio há ainda duas relações a considerar, que serviram apenas e tão somente para aumentar o grau de dificuldade da cruzada.
Por fim, veio a angústia da desindividuação. Sempre fui uma pessoa volúvel, mas a verdade é que adquiri uma estranha capacidade de me metamorfosear e de me adaptar a qualquer tipo de contexto social. Criei várias pessoas diferentes, sendo que nenhuma delas era eu. O que sobra quando se soma e se subtrai sucessivamente? Nada. Fica um vazio imenso e a dúvida: provar o quê, a quem? Para quê?

Precisei efectivamente de me perder completamente para me poder reencontrar. Comecei então um ingente processo de desconstrução social. Fiz muitas coisas erradas na vida, é certo, mas esta não era certamente uma delas. Não posso fingir ser quem não sou, pelo menos durante muito tempo e para muitas pessoas. Não posso vestir o estereótipo social quando, efectivamente, este nunca me fez qualquer sentido. Não posso deixar de estimar e de seleccionar as pessoas que são realmente especiais, e que merecem toda a minha dedicação, para me debruçar sobre relações com pessoas com as quais não me identifico.

Mas é na miséria e na confusão que as maiores revelações sucedem. Feita a reflexão, assumido o erro, detectei que a minha estrutura permanecera igual e regozijei-me com o facto. Depois de ter perpetrado o maior dos crimes – o de ter atentado contra mim própria – a minha essência estava intacta. Nesse momento pensei que, afinal, os mecanismos de defesa que criei para a minha pessoa tinham sido tenebrosamente eficazes. Algures no tempo fui prudente e mantive no meu inconsciente que a maldade das pessoas é imensa e que, por vezes, a nossa força para a superar escasseia.

Hoje, a PERCA delibera sobre o regresso às origens. É preciso, por vezes, seguir por caminhos enviesados e tortuosos para se encontrar um significado para o nosso existir. É preciso aprender a confiar nos outros mas, fundamentalmente, há quer ser muito rigoroso na selecção das pessoas a quem confiamos os nossos segredos. A força que nos habita surge quando menos se espera, pelo que não devemos desistir de lutar pelas coisas nas quais acreditamos.
Depois de ter andando à deriva durante tanto tempo, regressei a mim. Parafraseando o nosso MESTRE, “regressei à noite antiga e calma, como a paisagem ao morrer do dia”.

Deixo ainda uma palavra de profundo orgulho e admiração para a FS1. Sabes bem ao que me refiro, porque fomos atacadas injustamente em conjunto. Partilhámos as dúvidas, as angústias, os caminhos a seguir. Mas tu foste enorme e eu cedi. Aguentaste tudo com a calma possível e mantiveste-te igual a ti própria. E foram tantas as vezes que me avisaste e eu não te ouvi, talvez por que fosse directamente afectada e tenha perdido o discernimento ou por que, até no limite da minha insanidade, ainda não estivesse preparada para descer tão baixo. Talvez ainda por que, como tu tão bem dizes, ainda sou pela moral e pelos bons costumes, e ainda não sei tratar pessoas como se tratam as pedras da calçada.
Agradeço-te pelo apoio que me prestaste, dentro da confusão a que nos votámos. A nossa relação saiu fortalecida desta situação e, só por isso, consigo reconhecer-lhe alguma utilidade. Como diriam os nossos colegas de profissão, “misery likes company”. E eu gosto da tua.

As dúvidas existenciais da PERCA

Segundo a FS3 esta foto deveria figurar no meu telemóvel... Tão perto e tão diferente hein? Sabes muito tu... Mas deixa-me dizer-te que há um hiato ingente entre o perto e o diferente que sua excelência anda a ignorar!
Mas o Mestre também lhe vai responder...

"Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim me suponho,
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim,
Dorme onde o rio corre –
Esse rio sem fim."

sábado, 3 de janeiro de 2009

A PERCA versão borracha

Detectei há dias uma PERCA de todo o interesse... alguém me explica porque é que este espécime não atraca em Lisboa?



 

a perca © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness