sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

In Memoriam - Vergílio Ferreira

"Cresce-me para o interior o couro duro que me reveste. Não sei o que me <> fique de dócil cerca, pronta a acusar a presença do acontecer da vida. De tal modo que, em certos dias, a imbecilidade, a traição, a hipocrisia, todas as vilezas humanas deixam-me indiferente. Procuro-me, aflito, e não me encontro para reagir. É como se vivesse sem sentidos ou os sentidos me fossem fria resistência passiva de sete fortes de cimento armado, sem armas de combate."

"Hoje aconteceu o que esperava. Nova derrota. É nestes momentos de maré baixa que eu me tento a acreditar que se é profundo apenas quando se mergulha em nós próprios; que a vastidão e profundeza do mundo nada é em confronto com a que xiste em cada um. Ou quererei eu apenas justificar-me da minha passividade?
Hoje vou escrever, vou. Está tudo feito. Falta só curvar-me sobre a mesa e entalar o cérebro e espremê-lo ali."

2 comentários:

fs1 disse...

"De tal modo que, em certos dias, a imbecilidade, a traição, a hipocrisia, todas as vilezas humanas deixam-me indiferente."

Vergílio era também ele parte do nosso inconsciente colectivo. Pergunto-me que experiências tiveram estes escritores para terem sentimentos tão próximos do nosso.
De tal modo que, em certos dias, a dor, a mágoa e todo o espectro de sentimento humano deixam-me indiferente...

fs2 disse...

Parafraseando o próprio autor, nas suas palavras ainda encontramos o eco da nossa voz. Valha-nos isso.

 

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