quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Nos recitais de taberna

Nos recitais de taberna os homens afogam as mágoas e os olhos
nem o fundo da sua alma
que esqueceram num qualquer corpo
numa qualquer cama

num qualquer dia em que o sol esfriou e o dedos se vergaram
ao peso dos calos
com que encaram o decorrer dos dias
não há Deus para estes homens
nem amor
nem poesia

no altar colocaram um copo de vinho, no ventre pousaram um farnel
não conhecem mulheres, não conhecem os filhos
que por vezes duvidam serem seus
não lembram o passado em que foram meninos
e não conhecem futuro
onde deixarão de ser homens para serem apenas sombras apagadas
que derramam lágrimas em copos de vinho
em recitais de taberna
babosos no colo da menina do balcão
que finge compreender as suas ausências
o momento fatal em que a sua infância terminou tão cedo
que quando chegaram a adultos já eram velhos
e já tinham abandonado a contagem do tempo
para contarem moedas
com que compram taças de vinho para derramarem todas as lágrimas
que a vida não os deixou chorar





Sílvia
01-01-2009

3 comentários:

Anónimo disse...

uma pequena surpresa, amor *

fs2 disse...

Parece-me a história de vida do pai de sua madrinha...

Anónimo disse...

Epá este texto ilustrou os cafés da minha santa terrinha LOLOLOL
Vinho o que n falta... LOLOLOL
Acefalia o que n falta ...LOLOLOL
Cusquice o que n falta ...LOLOLOL

 

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