terça-feira, 4 de agosto de 2009

Turn the page

Registo em papel as ondas de náusea que cobrem a alma.
De todos os futuros que cruzaram a minha mente, este era de todos o que jamais poderia ter acontecido.
Durante anos foi o teu rosto que recordei em momentos de angústia. Não importava o que acontecia, quais as amarguras ou as desilusões porque em mim, a tua imagem e as tuas maõs perdurariam para sempre. Esqueci-me, comodamente, que para o ser humano não existe para sempre.
Existe sim, uma temporalidade medonha que condiciona e nos remete para a total ausência de laços e intimidade.

Afinal quem és tu? Qual é o teu verdadeiro nome? Quais os teus limites, as zonas que nunca pisarias?
Tropeçaste no meu coração, conquistaste a minha confiança cega, a crença inocente e ridícula que poderias ser diferentes eras inofensivo e seguro.
Não sabia ainda que não hesitarias em colocar anos de vida numa balança e eles não te pesariam nos ombros nem te vergariam as costas.
Confesso, que ao longo dos anos, desacreditei todas as relações, convenci-me que amanhã tudo pode ser diferente. Não quis acreditar no ser humano.
Hoje morre em mim toda e qualquer esperança nos valores da humanidade (eu e a fs2 não constamos deste grupo, porque definitivamente, não somos humanas).

Quantas vezes me terás enganado? Quantas vezes me terás mentido, usado palavras que nada significaram?
Não quero sequer imaginar que possas alguma vez ter sido honesto porque isso só torna a traição muito mais inconcebível, muito mais doentia.

Porquê?
É uma pergunta que sempre existiu e continuará a existir. Sempre. No entanto, neste momento já nada me importa. Não importa o porquê mas sim os factos.
E o facto é apenas este: sou incrivelmente mais humana do que alguma vez poderás almejar. Mesmo fui a tua boneca. Mesmo quando escondeste o rosto na minha pele de marfim.
Mesmo quando errei.
Mesmo quando prendi os olhos vidrados nos teus.

Nunca me senti tão sozinha.
E o pior é ter a perfeita noção que sozinha corro menos riscos do que contigo. E isso ainda me doer. Ainda.

Espero que saibas que nunca mais ouvirás o som da minha voz. Mesmo quando a saudade te consumir. Mesmo daqui a meses, quando o teu cheiro já não existir no meu corpo.

1 comentários:

fs2 disse...

A mim o que me parece assustador é esta presença ausente das pessoas na nossa vida :(

 

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