quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Grito

No dia em que perder a capacidade de me revoltar e deixar a indignação inflamar-me as veias, é um dia que morri para o mundo. Ainda não chegou.
Ainda sei gritar no silêncio.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

In Memoriam - Sophia de Mello Breyner Andresen

Dedicado à fs1.

Ausência

"Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Reflexão de Outuno

Já há muito tempo que não escrevia por aqui, não necessariamente por falta de ideias ou inspiração, mas mesmo por falta de vontade. O "grito" da fs3 foi um trigger para este meu pequeno desabafo.
Tenho aproveitado os últimos meses para por as ideias em ordem, embora o processo se paute com avanços e recuos. Invariavelmente, volto ao ponto de partida e capacito-me que podia (e devia) ter feito muita coisa diferente, que devia ter ouvido as opiniões certas em detrimento das erradas, que devia ter agido duma determinada forma e não de outra. Mas o tempo passa e cometo incessantemente os mesmos erros e, por muito que me esforce a tentar entender, não me ocorrem mais porquês. Não sei se é idiossincrático, se será algum ataque de estupidez que me tolda o pensamento de tempos a tempos, ou qualquer outro factor desconhecido que me impele a cometer disparates consecutivos ou, mais grave talvez, algum mecanismo de defesa perverso e autofágico que me induz a cometer erros para poder reflectir sobre eles à posteriori. Bom, honestamente não sei. A única boa notícia é que, pelo intermédio, voltei a mim e recuperei a capacidade de me auto-avaliar. A minha forma de ver os outros mudou radicalmente, muito por força desse coisa maravilhosa que é a comparação social. Já existem vozes que me ferem os ouvidos só de as pressentir. São já demasiados os discursos que não consigo digerir. Depois há variantes disto: vozes desagradáveis com discurso erudito, vozes simpáticas a dizer coisas sem sentido. E eu sinto o vazio enorme de pertencer a todo o lado sem pertencer a parte nenhuma.

Mas, subitamente, eis que me surge uma epifania: sei claramente aquilo que procuro, só não sei onde o encontrar. Até lá vou ver se me dedico a pessoas que me obriguem a pensar, na verdadeira acepção da palavra. Quanto às outras, aconselho a que sigam o exemplo deste unicórnio.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pablo Neruda

Há muito tempo atrás num outro reino alguém me escreveu e me entregou estas palavras no interior de um documento aparentemente nada relacionado com esta poesia.

A coisa intrigou-me e nesse momento percebi que independentemente daquilo que eu fosse, ser era em si um grande objectivo... E passei a SER cada vez mais da maneira que sei SER...

Depois procurei estas palavras muito tempo, lembrava-me pouco delas, não conseguia ir seu ao encontro.. e elas agora vieram ter comigo quando voltei a duvidar do que estava a SER...


Portanto... hoje posso voltar a gritar que... SOU..

E vocês.. por favor... SEJAM!!!


E bem-hajam por isso.


Sê (Pablo Neruda)

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.


Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
 

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