quinta-feira, 28 de abril de 2011

A incondicionalidade do amor

A minha maior tragédia foram todos os homens que pensaram amar-me sem terem sequer a mais pequena noção do que é o amor.
Que sabem eles do amor incondicional que torna as tuas lágrimas nas minhas lágrimas? A tua dor na minha dor? A tua angústia na minha angústia?
Que sabem eles do fluxo que me faz sonhar o teu semblante quando estás longe? As tuas palavras que se semeiam na minha espinha?
Que sabem eles, afinal, da mão que nunca se consegue levar ao rosto que não numa carícia de ternura? De todos os perdões, todos os adeus, todos os momentos em que soube com a certeza implacável do destino que aceitarei sempre toda e qualquer decisão que impelir os teus actos.
Quem ama, não espezinha. Não insulta. Não abandona. Não parte sem olhar para trás. Não esquece. Não apaga. Não pensa que está melhor sem o outro.
Quem ama saberá sempre que está incompleto. Que faça o que fizer o amor nunca irá morrer. Quem ama sabe que faças o que fizeres, digas o que disseres, o amor é apenas porque sim. Mesmo se o deixares a secar no meu coração, ainda assim, ainda assim, meu amor, ele voltaria a renascer para ti tão intenso como no primeiro momento que me entreguei.
Que sabem eles do amor, quando sorriem com o meu vazio, quando aguardam que tropece, que caia, que me quebre, que me descubra sozinha dentro do arremesso do futuro.
Que sabem eles do amor, quando desistem ainda nem amanheceu, partem sem querer saber se respiro, se a pele ainda se mantém inteira, cosida, remendada.
Que sabem eles do amor, quando tudo o que pensam é na perda, na ausência, na expectativa que seja infeliz, que me inunde em lágrimas e torpor?
Que sabem eles de mim?
Mesmo quando te forço a partir eu olho para trás e tudo o que vejo és tu.
Mesmo quando sei que me destróis, que te destróis, que chegámos a um ponto sem retorno, que ficas melhor sem o teu porto seguro, que precisas que te impeça de me teres, mesmo quando concluo que precisamos que termine agora, mesmo assim, tudo o que quero é que sejas feliz.
Ainda que sem mim. Ainda que a tua felicidade seja longe, eu estarei sempre perto, sempre a garantir que não tropeças, que não te inundas de lágrimas, que não estás sozinho, nunca ficarás sozinho enquanto respirar.
Ainda que não ouças a minha voz. Ainda que não vejas o meu rosto. Ainda que eu espreite o teu sorriso de longe e não me ouças chegar e não me vejas partir. Ainda que o teu sorriso se vista do meu vazio.
Ainda assim. Se sorrires irei sorrir, se estiveres feliz, o meu coração irá ter alguma paz, se te souber inteiro.
E continuarei a amar-te. Mesmo que estejas longe. Porque o amor não termina. Não tem um fim. Tem apenas reticências.
A minha maior tragédia é saber que ninguém entende o meu amor por ti porque na realidade, todos os que dizem amar-me jamais o fizeram.
Amar dói. Amar exige do coração. Amar é incondicional. Amar é perdão e continuidade. Amar é tempo. É história. É partir e regressar. É dar mesmo quando não se recebe. É sorrir mesmo quando queremos chorar. É abraçar-te mesmo quando me magoaste, mesmo quando está tanto frio aqui.
Não preciso que me entendam. Não preciso que me aceitem. Nem sequer preciso que me respeitem. Preciso apenas e tão somente ver-te feliz.

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