A cidade adormece, esquecida de si mesma.
O povo repousa na esquina do tempo.
As crianças já não sonham, as sirenes impacientes
são o colorido da espera.
Há pessoas que esperam para viver, todos os dias
cansadas e inúteis. Aguardam um momento,
um compasso, um grito. Voltam à mesma hora,
aos mesmos locais com os mesmos sorrisos.
Esperam. Para viver. Há ainda os que esperam
para morrer, os braços cruzados a ocultar o peito
queimado. Existe honestidade na espera e no soçobrar
dos corações. Pontualmente, a espera quebra-se
para dar lugar ao frenesim da criação.
As pessoas que esperam para viver suspendem a respiração,
acreditam momentaneamente na possibilidade.
As pessoas que esperam para morrer alcançam
a felicidade que só o vazio pode proporcionar.
A cidade não se altera pela espera que lateja.
A Natureza aguarda pacientemente a queda
dos homens e a serenidade das causalidades.
Deus adormece, esquecido de si mesmo.
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