segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Meninas a serem recolhidas por madrinha

domingo, 30 de janeiro de 2011

Red Riding Hood

Sinto o teu coração inverter as cores com que gravei as ideias,
as noções e a ternura. Expludo e impludo na ponta dos teus dedos,
na curva dos teus lábios, na curiosidade erótica da tua língua.
O mundo fora das linhas do ser deixa de ter regras, indefino a máscara
com que me oculto dos outros. Deixo-a cair a teus pés.
Esta sou eu. A raposa. A fada. E o capuchinho. Vermelho rubro
de paixão com que me devoras. Submerjo nas tuas palavras,
nos silêncios, nas partilhas e nas emoções.
No caos da identidade questiono e requestiono as ideias, as conclusões,
as imagens e os sentimentos. E unifico-me.
Abarcas-me inteira. Queimas-me a pele e a alma.



E quando menos se espera o mundo vira-se de pernas para o ar.
Ainda não concluí nada em particular à excepção que sentir invertido é não só divertido como vicia.
Aguardemos francas deliberações, fs's.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Dualidade

Sempre fui duas pessoas dentro de mim mesma.
Sempre senti dois sentimentos ao mesmo tempo, sempre racionalizei o que sinto, sempre pensei duas coisas distintas, sempre tive raiva e pena, amor e desprezo, atracção e repulsa, branco e negro.
Com o tempo habituei-me a ser dual e a reconhecer que as duas mulheres que vivem dentro de mim jamais se sentiriam ambas saciadas e que era preferível deixá-las sentir a espaços.
E assim os anos foram passando. Houve momentos em que a divisão do meu coração era tão notória que poderia ter amado dois homens distintos pelo simples facto que elas não pensam e não sentem da mesma forma.
Mas subitamente ocorreu-me que talvez as pudesse reconciliar, talvez pudesse abraçá-las a ambas, a malícia e a inocência.
E isso lançou-me em mais uma crise profunda de identidade. Não existem espelhos suficientemente grandes onde possa espelhar-me completa. Não existem pessoas suficientemente profundas que possam compreender e aferir as duas linhas de pensamento que me queimam por dentro. Ou existem?
Eu quero avançar, eu quero recuar. Quero ser eu, quero ser a outra, quero gritar, quero o silêncio.
Estranhamente há algo que me diz que se não for agora que as assuma a ambas nunca mais o poderei fazer. Perderei o que há de genuíno em mim que é a dualidade.
As pessoas. As que esperam algo de mim. Que esperam coerência e coragem, que esperam que os meus dedos não tremam.
E as outras. As que me dizem que preciso mudar. Que não compreendem que a mudança está a ocorrer a um grau tão intenso que é impossível para mim neste momento mudar algo mais. E mesmo que fosse, mudaria? Porque há em mim uma mulher que me diz que não. Não mudaria, não, pelos outros não. Porque o resultado que está à vista agora já foi alvo de mudanças que vieram de dentro.
O que eu preciso não é avançar. É recuar ao momento em que quebrei o coração em dois para sobreviver entre os restantes.
Ontem entrei para dentro. Não antevejo que vá sair de dentro do meu âmago nos próximos tempos. A solidão fala comigo de igual para igual. E hoje, ninguém vive dentro da minha solidão.
Ontem, pela primeira vez em muitos anos fui à fonte e voltei sozinha. E as asas abriram-se perigosamente perto do momento em que ia estilhaçar.
Estranhamente há algo de poderoso na ausência do teu rosto. Hoje acordei com a certeza que a tua partida me fez bem. Já não são as tuas mãos que me percorrem a pele antes do momento da queda.
As fronteiras que dividem o meu ser dos restantes estão cada vez mais definidas.
Sempre tive medo do dia em que ia ter medo de sentir. Esse dia chegou finalmente.
Preciso que me abandonem. Que não sintam afecto. Nem desejo. Nem ternura. Nem que queiram que os meus olhos fitem os seus.
Existe uma acalmia poderosa na inexistência de expectativas.
Tenho medo de sentir. De me apaixonar. De errar. De perder. De não ganhar. De ser eu. De ser ambas. De descobrir mais uma vez que a dualidade do meu ser assusta quem me rodeia.
Das possibilidades. Das incompatibilidades.
Tenho o coração ferido da mágoa. A alma quebrada. E talvez nunca mais me recupere.
Eu já fui duas dentro de mim mesma e essas duas eram unas.
Preciso voltar a ser eu. Preciso voltar. A ser eu.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Sangue das veias

O reencontro com o passado prova-me que noutras épocas fui muito mais aguda e acutilante.
Tinha palavras dentro de mim que rasgavam a penumbra e iluminavam a escuridão.
Atravessavam o comodismo, traziam consigo o sabor acre da verdade.
E hoje tenho o peito cheio de lágrimas e a voz vazia. As pessoas que amei deixaram-se a si próprias, despiram as suas peles e metaforsearam-se em cópias distorcidas de si.
Hoje, nada mais me sobra que o medo de ser eu mesma. Querem ensinar-me a paciência. O valor da cautela e da prudência.
E eu quero explodir, implodir, acabar com tudo, transformar o caminho em pó, não quero paciência, não quero ser cautelosa, não quero ter medo, não quero nada, não quero sequer sentir, quero a acalmia que antecede o vulcão, quero não querer.
E os que partiram, voltam a espaços, assombrar-me os sonhos e a aparente serenidade.
Onde estás, afinal? Que angústias toldam o teu sentir? Ela não sou eu. É um facto linear. É um facto tão linear que me dá vontade de rir até não restar em mim nada mais que a fúria do ridículo.
Se estivesses aqui dirias que compreendes a ânsia de quebrar tudo o que construo, apagar tudo, recriar-me, abster-me, lançar-me de um abismo. Se estivesses aqui dirias que te arde a pele da mágoa. Se estivesses aqui dirias imensas coisas e não dirias absolutamente nada.
Ela não sou eu. Nem nunca será. E tu nunca mais serás tu. Porque a tua imagem só existe quando sou eu que te apreendo.
Se estivesses aqui sei que não hesitarias em deixar-me cair, em atirar-me todas as palavras erradas.
E ainda assim onde estás desperdiças a poesia, a alma, o corpo, a pele, a ânsia, o degredo, o abismo por algo que te faz um qualquer sentido. E quando me invades a psique dizes-me apenas "Ela não é a Sílvia.". Não. Não é. Eu garanto-te que te atirava de um abismo, que havia de te rasgar até sangrares, até sentires.
Conheço-te perfeitamente as dúvidas e as angústias. As palavras desnudam-te a alma. Assim como a ausência de palavras.
Hoje é dia de me atirar de um abismo e deixar o silêncio engolir-me. Hoje não estás aqui para me vigiar a queda e garantires que a última coisa que ouço é a tua voz.
Hoje não estás aqui. E no entanto, as veias pulsam-te devagar, algures onde estás. E sabes que hoje é dia de nos atirarmos para um abismo.
Chega de paciência. Chega de pensar. Chega de prudência. Chega de sorrisos e gargalhadas. Hoje chega. E o abismo lá em baixo a chamar por mim e a loucura a assomar-se. E eu aqui. Suspensa.
E tu, algures a sentir de forma distorcida. Se estivesses aqui dirias: "Ainda me vês?" Sim, ainda te vejo. E essa seria a imagem que teria na altura da queda.
Não esperes que alguém te compreenda. Ninguém o fará. Não esperes que te observem enquanto sentes o ar a passar-te no rosto e as asas a abrirem-se no preciso momento que julgas que irás terminar tudo. Não esperes que empatizem com a necessidade de destruir e no caos reencontrar o equilíbrio. Não esperes que ela seja eu. Nunca será.
Eu não espero.
Mas por hoje, não serei paciente. Nem certa. Nem terei medo das palavras e da dor.
Hoje vou lançar-me num abismo até sentir as asas a abrirem-se no momento que antecede o fim.

domingo, 16 de janeiro de 2011

As Escolhas da Perca - Olive (Upgrade)

Porque é que já não existem bandas assim?
Para os que reclamam a falta de esperança...

"When their love was all but lost at sea
Quite unable to be seen
In the depths of their subconscious minds
There was something evergreen."




Lo Siento

As escolhas da Perca - The Rasmus

"They say
That i must learn to kill before i can feel safe
But I
I rather kill myself then turn into their slave "

O dia em que te deixei partir

Finalmente. Deixaste de me habitar a retina e de me correr nas veias. Sinto-me bem mais leve desde que a tua imagem me desapareceu da memória. Hoje és apenas espectro, igual a tantos outros, e já nem a vontade de te invocar me resta.
Sem motivo aparente, no entanto, deixei-te partir. Levaste contigo a angústia que trazia no peito há tanto tempo. Sem ti voltei a ser eu, e não há nada na vida melhor do que poder ser fiel a si próprio.

Fica apenas uma dúvida: foi a ti ou a mim mesma que eu perdoei?




sábado, 15 de janeiro de 2011

Sufoco

Mesmo quando desenho os caminhos, abro as janelas e deixo o pó sair, mesmo quando o sol brilha, mesmo quando chovem poemas, mesmo quando estou nua, mesmo quando a alma é um espelho, mesmo quando grito sem parar, mesmo quando os pensamentos são de tal forma agudos que rasgam a pele e nascem pelos poros, mesmo quando há tanta coisa a ser dita, mesmo quando a solidão é tudo o que resta, mesmo quando a esperança é um risco que não sei que quero correr, mesmo quando as palavras não chegam, mesmo quando sou transparente, mesmo quando sou branco e negro e vermelho e lilás, mesmo quando aponto a direcção do fim e do princípio, mesmo quando expludo e impludo as pessoas não fazem a mínima ideia da forma como sinto, das regras que regem o meu coração, dos ambientes da minh'alma.
Sinto-me sufocar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Variáveis

As variáveis que nos ligam a outros seres que nos são relevantes. Objecto de infinitas deliberações entre fs1 e fs2.
Existem diversas linhas, diversos pontos de interrogação e exclamação. Mas penso que podemos reduzi-los a 3 dimensões. A componente emocional, a física e a intelectual.
Poderemos de facto, apaixonar-nos por alguém que emocionalmente nos é distante? Apenas porque fisicamente nos apela? Ou poderemos desejar intensamente alguém apenas porque intelectualmente nos estimula? Sinceramente, acho que sim. Temporariamente, pelo menos.
Num momento.
Mas e numa relação? Que pretendemos que dure mais do que a efusão inicial? Poderemos fazer nascer uma atracção física dum relacionamento emocional e intelectualmente intenso? Mesmo que ela não exista de todo? Porque eu já vivi isto e não consegui.
Idealmente, as 3 componentes deveriam existir pelo menos de forma mediana sendo que possivelmente existirá sempre uma que irá sobrepor-se e evidenciar-se. Mas e na prática?
Quando falo de atracção física logicamente que não estou presa a estereótipos de beleza comum e estática. Para mim a atracção é a fome de pele, a fome de toque.
E quando existe fome de pele e depois não existe estímulo intelectual? Por experiência o que concluo é que a fome desaparece ou mirra com o tempo, sem alimento emocional que atice um fogo facilmente extinguível.
O que nos leva à encruzilhada, se uma relação não tem as 3 componentes, e quase sempre não tem, qual é a sacrificável? Se não existir sequer uma chama física vamos ter dificuldade sequer em relacionarmo-nos com a pessoa, o que irá impedir o desenvolvimento de um genuíno laço emocional. No entanto, se não existir alimento intelectual a parte física começa lentamente a morrer (pelo menos para mim). E se existirem as duas, nem sempre as pessoas têm a paciência/engenho/complementaridade para criar um laço emocional que as sustenha.
Quando pondero sobre isto a verdade é que todas as minhas relações falharam porque não existia uma das componentes. Ou porque não era

suficientemente forte.
E quanto mais pondero mais concluo que é assim com todas as pessoas.

E depois existe o amor. Que é isto e mais. Motivo para toda uma nova deliberação que não irei fazer hoje.
E as variáveis. As que nos impelem. E as que nos repelem. As dinâmicas de relação com os outros. As linhas que se tecem à nossa volta e que muitas vezes nos sufocam.
E se uma parte de mim me diz que existe algures uma pessoa que irá reunir as 3 componentes há outra que me garante que é praticamente impossível.
E ainda outra que me recorda que nem mesmo quando todas estão juntas isso é garantia que 1 - a relação dure; 2 - as pessoas sejam complementares; 3 - se vá ser feliz.
Agora perguntem-me como se cria um laço emocionalmente forte com alguém que não nos é compatível? Não faço ideia. Mas acontece.

O que me traz à conclusão fatal que me foi dita: as 3 componentes it's once in a a lifetime. E agora terás que sacrificar algo porque é possível ser-se feliz apenas com 2. Mas eu sou mais teimosa que isso. Não só não sou feliz apenas com 2 como hei-de garantir que once in a lifetime é uma ideia de merda.
O amor é mais que isso. E eu hei-de agarrá-lo um dia.

sábado, 8 de janeiro de 2011

As Escolhas da Perca - Kanye West

"I can't keep myself, and still keep you too" - Não será sempre assim?

As Escolhas da Perca - Morgan Page

:)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

As Escolhas da Perca - Garbage

:)

 

a perca © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness