quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Variáveis

As variáveis que nos ligam a outros seres que nos são relevantes. Objecto de infinitas deliberações entre fs1 e fs2.
Existem diversas linhas, diversos pontos de interrogação e exclamação. Mas penso que podemos reduzi-los a 3 dimensões. A componente emocional, a física e a intelectual.
Poderemos de facto, apaixonar-nos por alguém que emocionalmente nos é distante? Apenas porque fisicamente nos apela? Ou poderemos desejar intensamente alguém apenas porque intelectualmente nos estimula? Sinceramente, acho que sim. Temporariamente, pelo menos.
Num momento.
Mas e numa relação? Que pretendemos que dure mais do que a efusão inicial? Poderemos fazer nascer uma atracção física dum relacionamento emocional e intelectualmente intenso? Mesmo que ela não exista de todo? Porque eu já vivi isto e não consegui.
Idealmente, as 3 componentes deveriam existir pelo menos de forma mediana sendo que possivelmente existirá sempre uma que irá sobrepor-se e evidenciar-se. Mas e na prática?
Quando falo de atracção física logicamente que não estou presa a estereótipos de beleza comum e estática. Para mim a atracção é a fome de pele, a fome de toque.
E quando existe fome de pele e depois não existe estímulo intelectual? Por experiência o que concluo é que a fome desaparece ou mirra com o tempo, sem alimento emocional que atice um fogo facilmente extinguível.
O que nos leva à encruzilhada, se uma relação não tem as 3 componentes, e quase sempre não tem, qual é a sacrificável? Se não existir sequer uma chama física vamos ter dificuldade sequer em relacionarmo-nos com a pessoa, o que irá impedir o desenvolvimento de um genuíno laço emocional. No entanto, se não existir alimento intelectual a parte física começa lentamente a morrer (pelo menos para mim). E se existirem as duas, nem sempre as pessoas têm a paciência/engenho/complementaridade para criar um laço emocional que as sustenha.
Quando pondero sobre isto a verdade é que todas as minhas relações falharam porque não existia uma das componentes. Ou porque não era

suficientemente forte.
E quanto mais pondero mais concluo que é assim com todas as pessoas.

E depois existe o amor. Que é isto e mais. Motivo para toda uma nova deliberação que não irei fazer hoje.
E as variáveis. As que nos impelem. E as que nos repelem. As dinâmicas de relação com os outros. As linhas que se tecem à nossa volta e que muitas vezes nos sufocam.
E se uma parte de mim me diz que existe algures uma pessoa que irá reunir as 3 componentes há outra que me garante que é praticamente impossível.
E ainda outra que me recorda que nem mesmo quando todas estão juntas isso é garantia que 1 - a relação dure; 2 - as pessoas sejam complementares; 3 - se vá ser feliz.
Agora perguntem-me como se cria um laço emocionalmente forte com alguém que não nos é compatível? Não faço ideia. Mas acontece.

O que me traz à conclusão fatal que me foi dita: as 3 componentes it's once in a a lifetime. E agora terás que sacrificar algo porque é possível ser-se feliz apenas com 2. Mas eu sou mais teimosa que isso. Não só não sou feliz apenas com 2 como hei-de garantir que once in a lifetime é uma ideia de merda.
O amor é mais que isso. E eu hei-de agarrá-lo um dia.

2 comentários:

fs2 disse...

Subscrevo. Há que dizer que não ao mediano, porque é um passo directo rumo à infelicidade. Já ouviste dizer que mais vale só do que mal acompanhada? :)

Anónimo disse...

Lamento. Apesar de gostar da qualidade dos textos escritos neste blog, e em particular do tom cinza da tua escrita, acho que falta esperança a este texto.
Em grande parte acredito que a vida é moldada, pela nossa perspectiva de abordagem à mesma.
A perfeição, está mais que provada, que não existe. No entanto, a perfeição, aos nossos olhos, pode existir desde que por vezes abdiquemos a razão no que não achamos essencial e previligiemos o facto de querermos ser felizes.
Só uma última nota: "O amor é mais que isso. E eu hei-de agarrá-lo um dia." - Gosto da garra impressa nesta última linha do teu texto. :)

 

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