segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

As Escolhas da Perca - Portishead (Upgrade)

Para a FS3 se ir habituando ;)

"For as long as I have tried
And as low as I can be
I will never resign myself
From the trial I seek"



domingo, 26 de dezembro de 2010

Black Swan




Estive ontem a recolher o Black Swan para o qual tinha sérias expectativas e posso dizer que não foi a bomba que esperava que fosse.a
Primeiro, o aparecimento da Winona Ryder é absolutamente dispensável. As personagens não têm a profundidade para um filme que pretende ser intelectual e mexer-nos com a psique. Não consigo qualquer empatia com a personagem principal cujo problema aparentemente é mesmo não foder.
Subitamente parece-lhe importante foder com uma gaja que não conhece de parte nenhuma numa cena lésbica cujo único objectivo é de marketing porque surge do nada para o nada.
E poderão alegar comigo que tudo é uma metáfora para o surgimento do black swan e que a mãe a constrange e que o encenador a pressiona (gostei particularmente duma cena dela com o encenador, essa sim bem conseguida e surpreendente).
Pior que isto tudo é que adivinhei o final a léguas. Não há paixão naquele final. Enfim.

Quando um filme se resume a uma terapia sexual gera-me algumas questões e muita perplexidade.
Tinha expectativas, repito. Até mesmo para a cena lésbica que surge fraca e sem intensidade psicológica de maior.
Valeram as cenas de ballet, a música, a Portman sempre a chorar e ..queria dizer mais qualquer coisa. Mas não me ocorre mais nada.
E se quiserem ver gajas a pinar podem sempre sacar um filme porn. Funciona melhor.

As Escolhas da perca - Ana Moura

Dedicado à FS3 ;) Tu és a nossa lançadora de búzios ;)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Espiral

A minha vida é feita de ciclos. Períodos de profunda instabilidade onde me interrogo sobre as verdades, os engodos, as teorias, o preto e o branco.
Estou mergulhada numa espiral de questões que me estão a minar por dentro. O que quero afinal? Onde começou o erro? Quem são os outros?
Onde os posiciono na minha vida?
Estou cansada de fingir ser quem não sou. Sempre fui duas pessoas dentro de mim mesma. A que tem pena e a que dilacera. A que seduz e a que é seduzida. A que não diz nada e a que diz tudo. A que recua e a que se impulsiona em frente. A que pensa que o melhor é não percorrer aquele caminho e a que começa a correr nessa direcção.
E como em todos os ciclos, de cada vez que páro e respiro é pior. Porque há mais aprendizagem, mais erros, mais desconfiança, mais traição.

Sinto-me tão vazia e tão cheia. Tão quebrada e tão inteira.
As perguntas são sempre as mesmas, as respostas são sempre tão diferentes. Vejo as pessoas, vejo as acções, sei que cada vez as compreendo menos e cada vez vivo mais dentro de mim mesma.
Existem dias que me apetece gritar, existem dias que quero ficar no mais profundo silêncio.
Continuo tão sozinha como sempre. Ou mais ainda, porque perdi pessoas que me eram importantes e que se perderam de si mesmas.
Partilho um inconsciente colectivo apenas com a fs2 e não consigo ler as pessoas. E perdi a vontade.
Afinal vale ou não a pena investir em pessoas que arrastam consigo bagagem? Existe uma medida óptima de bagagem? Afinal o que é mais importante a atracção física ou a emocional? A atracção emocional pode durar? Porque é que não ecoo em ninguém para além de uma pessoa que não existem há demasiado tempo?
Estou sufocada de ideias, partilhas que preciso fazer e ao mesmo tempo que me esgotam de as partilhar e de as sentir.
Colecciono desilusões e as esperanças morreram-me. Um dia planeei-me casada e com filhos e uma puta de uma vida que hoje não quero nem oferecida. E hoje não me revejo nessa imagem. Nem em nenhuma.
Vejo-me velha e sozinha. Vejo-me nova e sozinha. Vejo-me no cinema, nos concertos, vejo-me perdida numa vida profissional qualquer sem interesse, vejo-me a atrair as pessoas porque sou estranha, vejo-me a repugná-las porque sou estranha, vejo-me a invadi-las mesmo sem querer. A semear ideias, a corromper inocências, a transformar tudo por completo.
Eu quero mesmo a mesma pessoa anos a fio? Poderei não me cansar de viver? Poderei não acordar oprimida porque as pessoas têm funcionamentos que não me fazem sentido?
Eu quero mesmo pessoas diferentes? Apenas porque a espaços me exercem fascínio? Eu quero mesmo estar sozinha?
Eu conseguirei fazer seja o que for que quero?
Sou cada vez mais aguda. Cada vez mais diferente, cada vez mais escondo quem sou. Deixo as pessoas pensarem o que querem. Mantenho-as prudentemente fora do meu alcance.
Preciso digerir isto tudo e estabilizar-me? Preciso mesmo? Ou preciso agudizar-me ao limite, aprofundar e descer mais profundo, algures onde se escondem as respostas e o meu ser.
Preciso angustiar-me? Preciso quebrar esta imagem, preciso soltar-me, abrir as asas e voar?

Desde quando é que sobrevalorizei uma estabilidade de merda? Nunca estive estável mas fiz um sem fim de sacríficios para me estabilizar. Optei por rumos que me pareciam mais estáveis e mais normais. Reneguei-me porque precisava de estar calma num qualquer café, a falar de merda sem interesse nenhum. Porque precisava sentir-me capaz de ser igual a tantos outros, quando não sou. Eu não sou ponta de coisa nenhuma quando sou tudo ao mesmo tempo.
E 6 anos depois ouço "nunca reparei que eras revoltada". Não?? Pah então onde andou 6 anos? Incrivelmente as pessoas não me conhecem e pensam domar-me.
Consigo fingir que não tenho vontade de partir tudo à minha volta. Mas existem intensidades que a minha psique não aguenta simular. E que não quer simular neste momento.
Não vou dizer que está tudo bem. Não vou dizer que acredito em mentiras. Não vou dizer que quero brincar às casas. Não vou dizer que sou umapessoa com um feitio fácil, porque eu sou difícil. E não, não me apeteceu perguntar nada, quando não há nada para perguntar.
Chega de merda, chega de estabilidade, chega de paz podre, chega de dizer que está tudo porreiro.

Está na altura de entrar para dentro.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Mimimiiiii

Notícia de Natal

Culpa das duas Fs's certamente...


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Salvador Dali

“The only difference between me and a madman is that I’m not mad”

Salvador Dali

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As Escolhas da Perca - Martin Solveig

Para animar a malta :)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Viagem na Perca

Está na altura de fazer uma viagem interior. Está na altura de arrumar o passado. Por muito que ele me habite na retina e o veja em flashes durante o dia, não posso continuar "zangada" como diz a fs3. Tenho de me curar para voltar a viver.
Um dia sei que vou fechar os olhos, e quando os abrir vou pensar "já passou". Look far into the distance.
Vamos lá a ver se isto ajuda :)

Constatação

“The opposite of a correct statement is a false statement. The opposite of a profound truth may well be another profound truth.”

Niels Bohr

Dedicado ao Mr C

“Perfection is achieved, not when there is nothing more to add, but when there is nothing left to take away”

Antoine de Saint Exupery

sábado, 18 de dezembro de 2010

Ruy Belo - Mas que sei eu

"Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha"

As escolhas da Perca - Alex Cornish

As Escolhas da perca - La Roux

But our communication is telepathy :)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

As Escolhas da Perca - The Script

"But we're gunna start by drinking old cheap bottles of wine
Sit talking up all night
Saying things we haven't for a while, a while yeah
We're smiling but we're close to tears
Even after all these years
We just now got the feeling that we're meeting
For the first time"

Thanks :)*


O Click

Depois de desligar o modo de auto-destruição as coisas pareceram-me mais simples. Obrigada pela paciência :)


Relativamente à decoração da parede bom, deixo uma dica "sinistra" :

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Lifehouse - Broken

É mais ou menos isto.

Revolta na Perca

Dizia-me ontem a fs3 que lhe parecia revoltada. Parecia e estou. Corres-me nas veias, consegues sentir até na minha voz a ira que agora me trespassa sem motivo aparente.

Penso em vários motivos. Encontro muitos e subitamente não encontro nenhum. É duro este exercício de tentar tirar significado dum passado fragmentado. Pensei em tempos que me faria sentido. Agora, sei-o, não tem sentido algum.

E depois há o vazio. É ingente. Tem sido preenchido pela revolta imensa que me consome nos momentos que me esqueço de ser o "eu diplomata" ou o "eu construção social". E vivo intrigada com isto. Com o princípio, o meio, e o fim. Com as palavras, as ditas e as que ficaram por dizer. Com o que sinto, com o que deixei de sentir, com o que temo que nunca mais vá sentir. Contigo, o meu erro mais crasso, que me está a custar tanto a digerir. Com as tuas mentiras e a vida que nos planeaste (?) onde me destruí de forma lenta e voluntária.

Certeza tenho apenas que me levaram uma parte de mim. Levaste-a contigo. Não o devia ter permitido, mas alguém, com genuínos dotes de prestidigitador, conseguiu levá-la consigo e deixou-me um qualquer coelho branco para me entreter. Entreguei a menina à pessoa errada e não me perdoo por isso.

É o choro dela que me alimenta esta revolta imensa. Não sei ao certo para onde a levaram, não sei se conseguirei recuperá-la. O que me falta é apenas e tão somente isso: a menina que me habitava. Ela é o meu mundo, mas aquele que poucos conhecem.

Já dizia V.F. para não ignorares a criança que vive em ti. E estava certo. Com ela foram os meus sonhos, as minhas esperanças, os meus sorrisos. Com ela partiu o que eu tinha de mais inocente e genuíno. O luto que faço é mais por ela do que por mim, que deveria ter sido bastante mais assertiva do que fui.

O meu tesouro mais bem guardado foi-me retirado duma só vez, num golpe lancinante. Não me apercebi a tempo. Estou perdida como nunca estive. A mulher à procura da menina, sem rumo. Porque era a menina que ensinava o rumo à mulher. Porque o sentir estava com ela, e o pensar estava comigo.

Julguei que eras um menino, mas não. És apenas um ser humano falso, carente e desequilibrado, a funcionar pela teoria dos sucedâneos. Mas guardo de ti imagens de um falso menino que me angustiam profundamente e me fazem acreditar, com convicção, que jamais conseguirei ter alguém assim. Porque aquilo que eras foi formatado por mim, ponto por ponto. Como fazê-lo de novo? E tudo mentira. Fragmentos de uma criação tão pura esvoaçam agora em memórias que me obrigo a esquecer.

Gostava de poder ser essa menina outra vez, para que, nos intervalos em que sou mulher, pudesse voltar a ser feliz.
E tenho um aperto enorme no peito porque, acima de tudo, falhei a mim própria, quando precisei de mim.

Miguel Torga - Exortação

Para a fs1 e a fs3 :) Não é assim?

"Em nome do teu nome,
Que é viril,
E leal,
E limpo, na concisa brevidade —
Homem, lembra-te bem!
Sê viril,
E leal,
E limpo, na concisa condição.
Traz à compreensão
Todos os sentimentos recalcados
De que te sentes dono envergonhado;
Leva, dourado,
O sol da consciência
As íntimas funduras do teu ser,
Onde moram
Esses monstros que temes enfrentar.
Os leões da caverna só devoram
Quem os ouve rugir e se recusa a entrar.

U


In the world you made me believe...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

História de Vida na Perca

Somos ou não somos mais ou menos assim?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pensamento do dia

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Facto

Ainda que apagues todos os caminhos que te trazem até mim, a tua alma conseguirá sempre apontar a direcção da minha mesmo no mais profundo escuro.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sal das feridas

Vivo na tua retina. Presa no momento antes do orgasmo.
Vivo suspensa na tua respiração. Sempre que te recordo,
a minha imagem solta-se da tua memória
para o agreste do teu presente. Quando o sentimento
me agride a garganta, ouves o teu nome e as palavras
que guardei dentro de ti. Vivo na tua desesperança.
No intenso da tua negação. Sempre que te aprisiono
é o meu sorriso que tolda a tua linha de pensamento.
O teu olho desvia-se da rota que lhe desenhaste
para se quedar na perfeição da nossa ligação.
Em todos os momentos que juras jamais saber
os meus pontos finais e as reticências.
Em cada segundo que lhe seguras as ancas
é o meu gemido que ouves.
Vivo no vislumbre de um raio de sol, mesmo quando
garantes a liberdade do teu coração, mesmo quando
prometes as promessas com que agrilhoas a vontade.
E se alivias a pressão com que finges sonhar
são os meus lábios no teu sexo, é a minha língua
na tua barriga, é a minha mão na tua pele.
Vivo no escuro da tua alma.
A minha mente seduz a tua indecisão, a angústia
que te embala as vontades, o pulso com que
resolves as aparências. O perigo do meu ventre.
O sabor da minha inocência perdida.
O trago amargo do sangue.
Vivo no sal das tuas feridas.

Arco-Íris na Perca


Hoje deixo-vos uma breve reflexão.

Desde pequena que o arco-íris é, muito possivelmente, um dos fenómenos da natureza que mais me suscita interesse. A explicação do fenómeno não parece ser particularmente complexa, mas também acaba por não ser o mais relevante. O arco-íris acaba por funcionar, ainda que de forma tácita e subliminar, como uma parábola da minha própria existência.

Em boa verdade, o que sempre me intrigou foi nunca conseguir ver um arco-íris completo, mas apenas a sua visão parcelar. Nunca consegui balizá-lo. Nunca acedi ao todo, apenas a uma (qualquer) parte. Isto causava-me uma certa sensação de "incompleto".

Mais tarde, noutros raciocínios subsequentes, constatei que também não lhe conseguia ver o fim (que, segundo alguns livros que li na infância, seria um local longínquo e teria por lá tesouros).


Hoje consigo perceber que o arco-íris poderá efectivamente ter um fim, mas não determinado por mim, ou pelos meus critérios visuais.
Princípio e fim são, neste particular, duas dimensões que dependem intrinsecamente duma outra: a perspectiva de onde se observa.

Pondo de parte os pormenores, centramos-nos no todo que, sendo parcelar ou não, tem tamanho suficiente para me maravilhar. Eu estava tão presa nos pormenores que não me cansei de o tentar delimitar, procurando hipotéticos fins e princípios, que me esqueci do mais importante: a cor. Hoje reconheço-o, porque sinto a falta daquilo que um dia me habitou e já há muito partiu. A vida tem de ser vista de várias perspectivas e não é balizável, aprendi-o tarde demais.

Mas honestamente, já pouco importa. Contento-me com estas reflexões carregadas de cinza, como diria fs1. Porque afinal o que agora
me prende a atenção no arco-íris são efectivamente as suas cores, e não as explicações esotéricas e as racionalidades afins em que me esgotei ao longo dos tempos.
Hoje a vida já não é uma equação (x+y = z), é todo um sistema de equações que o universo preparou para mim e não, nem nunca terei, sabedoria para resolver. Devo aceitar o curso da vida, apenas isso, tudo o que afinal nunca soube fazer, sempre a querer predizer o que não tem predição possível.
E pensando em tudo isto, o Arco-Íris. É nele que encontro o colorido que perdi em mim, e há uma certa nostalgia nisso. Traz-me mais de passado do que de futuro esta constatação, e isso preocupa-me. Mas, como referi noutro texto, esta é apenas a evidência duma esperança esgotada, dissipada ao longo dos anos em que estive entretida a fingir ser quem não sou. Sobrou-me apenas alguma (pouca) vontade para me votar a certas reflexões retóricas, como esta, espaçadamente.

Talvez por isso me detenha com questões menores, porque a vida exige muito mais de mim do que a minha existência monocromática terá para dar presentemente. Ainda assim, começo a temer seriamente que o arco-íris que habitava em mim tenha partido para sempre, ou que alguém o tenha levado sem pedir, que é o mais certo.

Um dia irradiei um arco-íris. Hoje, votada ao lúgubre mundo do cinza, espero ao menos que alguma nuvem simpática me acolha.
 

a perca © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness