Hoje deixo-vos uma breve reflexão.
Desde pequena que o arco-íris é, muito possivelmente, um dos fenómenos da natureza que mais me suscita interesse. A explicação do fenómeno não parece ser particularmente complexa, mas também acaba por não ser o mais relevante. O arco-íris acaba por funcionar, ainda que de forma tácita e subliminar, como uma parábola da minha própria existência.
Em boa verdade, o que sempre me intrigou foi nunca conseguir ver um arco-íris completo, mas apenas a sua visão parcelar. Nunca consegui balizá-lo. Nunca acedi ao todo, apenas a uma (qualquer) parte. Isto causava-me uma certa sensação de "incompleto".
Mais tarde, noutros raciocínios subsequentes, constatei que também não lhe conseguia ver o fim (que, segundo alguns livros que li na infância, seria um local longínquo e teria por lá tesouros).
Hoje consigo perceber que o arco-íris poderá efectivamente ter um fim, mas não determinado por mim, ou pelos meus critérios visuais. Princípio e fim são, neste particular, duas dimensões que dependem intrinsecamente duma outra: a perspectiva de onde se observa.
Pondo de parte os pormenores, centramos-nos no todo que, sendo parcelar ou não, tem tamanho suficiente para me maravilhar. Eu estava tão presa nos pormenores que não me cansei de o tentar delimitar, procurando hipotéticos fins e princípios, que me esqueci do mais importante: a cor. Hoje reconheço-o, porque sinto a falta daquilo que um dia me habitou e já há muito partiu. A vida tem de ser vista de várias perspectivas e não é balizável, aprendi-o tarde demais.
Mas honestamente, já pouco importa. Contento-me com estas reflexões carregadas de cinza, como diria fs1. Porque afinal o que agora me prende a atenção no arco-íris são efectivamente as suas cores, e não as explicações esotéricas e as racionalidades afins em que me esgotei ao longo dos tempos.
Hoje a vida já não é uma equação (x+y = z), é todo um sistema de equações que o universo preparou para mim e não, nem nunca terei, sabedoria para resolver. Devo aceitar o curso da vida, apenas isso, tudo o que afinal nunca soube fazer, sempre a querer predizer o que não tem predição possível.
E pensando em tudo isto, o Arco-Íris. É nele que encontro o colorido que perdi em mim, e há uma certa nostalgia nisso. Traz-me mais de passado do que de futuro esta constatação, e isso preocupa-me. Mas, como referi noutro texto, esta é apenas a evidência duma esperança esgotada, dissipada ao longo dos anos em que estive entretida a fingir ser quem não sou. Sobrou-me apenas alguma (pouca) vontade para me votar a certas reflexões retóricas, como esta, espaçadamente.
Talvez por isso me detenha com questões menores, porque a vida exige muito mais de mim do que a minha existência monocromática terá para dar presentemente. Ainda assim, começo a temer seriamente que o arco-íris que habitava em mim tenha partido para sempre, ou que alguém o tenha levado sem pedir, que é o mais certo.
Um dia irradiei um arco-íris. Hoje, votada ao lúgubre mundo do cinza, espero ao menos que alguma nuvem simpática me acolha.
Mas honestamente, já pouco importa. Contento-me com estas reflexões carregadas de cinza, como diria fs1. Porque afinal o que agora me prende a atenção no arco-íris são efectivamente as suas cores, e não as explicações esotéricas e as racionalidades afins em que me esgotei ao longo dos tempos.
Hoje a vida já não é uma equação (x+y = z), é todo um sistema de equações que o universo preparou para mim e não, nem nunca terei, sabedoria para resolver. Devo aceitar o curso da vida, apenas isso, tudo o que afinal nunca soube fazer, sempre a querer predizer o que não tem predição possível.
E pensando em tudo isto, o Arco-Íris. É nele que encontro o colorido que perdi em mim, e há uma certa nostalgia nisso. Traz-me mais de passado do que de futuro esta constatação, e isso preocupa-me. Mas, como referi noutro texto, esta é apenas a evidência duma esperança esgotada, dissipada ao longo dos anos em que estive entretida a fingir ser quem não sou. Sobrou-me apenas alguma (pouca) vontade para me votar a certas reflexões retóricas, como esta, espaçadamente.
Talvez por isso me detenha com questões menores, porque a vida exige muito mais de mim do que a minha existência monocromática terá para dar presentemente. Ainda assim, começo a temer seriamente que o arco-íris que habitava em mim tenha partido para sempre, ou que alguém o tenha levado sem pedir, que é o mais certo.
Um dia irradiei um arco-íris. Hoje, votada ao lúgubre mundo do cinza, espero ao menos que alguma nuvem simpática me acolha.
5 comentários:
lamentavelmente revejo-me nesta gravidade fs...
I want to fly over the rainbow..
Esse arco-íris tem o fim que lhe quiseres dar cara fs, porque a perspectiva é só tua (de mais ninguém)... logo o fim que os outros veem, veem através dos teus olhos, das tuas palavras, da tua percepção do mesmo....
Dito isto, bora transformarmo-nos em caçadoras de antigos e novos rainbows, mas bora depressa, em busca da luz.
Só na luz consegues fazer a cinza brilhar.
beijo a irradiar luz pelos poros
Amanhã já tratamos disso ;)
Parece-me que tens um plano, o que me agrada (costumas falhar por pouco).
Aqui fica:
_ _ _ _ _ + * * ;)
Beijinhos
nao se ve o fim do arco iris apenas quando temos as nossas retinas fechadas a sua imagem. olhar um arco iris e nao ver o ser fim é tao natural como nao sabermos o nosso destino. como saber o nosso destino? da mesma maneira que vemos o final do dito arco, imaginamos e pintamo-lo com a nossa vontade.
Ass. G5
Caro G5:
Nem tudo está no domínio da nossa vontade. É certo que o sangue que me corre nas veias é vermelho, mas a energia que me domina é cinza. Eu interpreto o cinza como uma fase de redenção. Quem sabe um dia conseguirei observar o arco-íris outra vez.
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