quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cinza de Inverno

Existe Inverno no mais profundo do meu ser.
Inverno que se acomodou entre a minha voz e o rasto dos meus olhos.
O frio entorpece-me as memórias, os momentos em que estás e todos os outros em que carrego a tua ausência.
De manhã já não é o teu nome o primeiro a acordar-me dos sonhos. Nem a mão benevolente que me adormece.
Inegavelmente a névoa da distância encarrega-se de minar a esperança e o sorriso.
Hoje, pesas-me na alma como nunca. A dor atravessa as dimensões e alberga-se no coração.
Lentamente, a chama que me instiga a procurar-te nos outros, nos menos genuínos, nos grotestos traços de ti, extingue-se.
Não existem emoções que não sejam fugazes. Não existem homens que me prendam, que me fixem.
Não existem dias diferentes. Não existe cor no frio do Inverno que me enlaça.
Nem mesmo tu. Nem mesmo tu me prendes verdadeiramente ao teu semblante.
Nem mesmo tu, meu amor...

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