segunda-feira, 30 de maio de 2011

Um dia...

Sufoco.
As pessoas esperam, anseiam, estabilizam-me.
Sufoco.
O excesso. O excesso de travessões,
palavras com que fujo à evidência do amanhã.
O cansaço que me verga as vontades e as febres.
Sufoco. Grito. Grito e estilhaço as máscaras.
Esta sou eu. Tão errada como sempre,
tão cheia de imperfeições, tão louca e aguda.
Um dia vou ser linear.
Um dia vou ser previsível.
Um dia vou deixar de ser mar e furacão e fogo.
Um dia não vou queimar.
Um dia vou deixar de prometer a mim mesma
que vai existir um dia.
Esta sou eu.
E eu sou a natureza, eu sou o espelho,
o horror, eu sou o espinho, o teu coração nu,
eu sou a cadência, o pulsar de um erro
perpetuado. Eu sou a inexistência de regras,
as asas abertas, o corpo em queda,
eu sou sempre eu, sempre igual, sempre fascinante.
Como fascinante é o veneno que nos faz alucinar.
Sufoco.
Um dia vou mandar tudo para o caralho.
 

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