quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Les Miserables
A noite ontem foi feita da história inconfundível de outras eras, em que as outras eras são tão iguais às que decorrem ainda hoje.
É esse o espaço que ocupam as obras intemporais. As que falam dos problemas, das lutas, das conquistas que são eternas e cíclicas.
Porque hoje, como nessa altura, a miséria, a falta de oportunidades e o oportunismo, a honra, as promessas que se cumprem são atuais.
Afinal, todos nós em tempos sonhámos um sonho que queremos tornar real, agarrar e mostrar à vida que somos capazes.
Gritar do alto do destino: "Este sou Eu, e esta é a minha Noite."
Embora o filme seja praticamente totalmente cantado, a verdade é que não o imagino de forma diferente.
Com a música que entra no nosso coração e nos faz esquecer os dias que nos cansam os anos.
O momento em que queremos também cantar que Sonhámos um Sonho.
Um Sonho que nos torna melhores. Mais fortes. Capazes de continuar.
O desempenho dos actores foi intocável, exceptuando talvez o desempenho da Amanda Seyfried que não trouxe qualquer alma a uma das personagens mais fundamentais.
Não senti o amor dela por Marcus, por Val Jean, ou por França.
Comparando a prestação dela com a da Isabelle Allen que nos traz uma pequena Cosette desiludida com a vida, mas ainda assim esperançosa.
Outro ponto que quero focar é a relação que une o guarda Javert ao personagem principal, Val Jean,
Um ódio pouco fundamentado, que lhe traz uma centelha que o permite confirmar as suas convicções numa vida totalmente vazia.
O homem que prova que o caminho que escolheu é o condigno e é o certo.
Javert não é um vilão. É um homem crente, como crentes são os homens que nunca duvidam das suas crenças e dos princípios, caindo na armadilha do fundamentalismo.
Afinal, todos nós duvidamos.
E é nessa dúvida, na constante reafirmação do que sentimos e pensamos que podemos evoluir.
Javert não evoluiu porque nunca se permitiu duvidar. A centelha que o fazia perseguir Val Jean era tudo o que tinha.
Mais do que Val Jean, tive pena de Javert.
Não houve um único momento em que tivesse um sorriso que não fosse de escárnio ou mágoa.
Val Jean, o homem que traçou o seu próprio destino.
E finalmente, Fanfantine o anjo, numa interpretação bombástica pela Anna Hathaway, no que espero seja uma interpretação Oscarizada.
Se não foram ver, corram.
Afinal, este é o Sonho que merece ser sonhado.
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