segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Inverno
Estou sentada, no final de mais um dia onde nada cresce.
Nada me acalma a dor que ameaça engolir-me o coração.
Vejo imagens de futuros e lares que se desmoronam a meus pés.
As pernas vergam-me o peso.
Subitamente, o nojo sobe-me pela garganta e perco o Norte.
Onde estás tu, afinal?
Onde o sorriso que me fez acreditar que o dia amanhã
pode ser mais quente.
O Inverno arrasta-se e mata no ninho
todos os pássaros acabados de nascer.
Onde estou eu, afinal?
Condenada a uma valsa de recomeços.
De enganos, de armadilhas que me prendem os pés cansados.
Ensanguentados de tantos dias em que nada cresce.
Abate-se sobre o meu mundo, o Abismo.
E a minha voz deixa de me devolver o Eco.
O que existe afinal? Qual a recompensa
que prometo ao meu corpo cansado
para o fazer continuar, todos os dias?
Pergunto-me vezes sem conta, qual a aposta
que fiz com Deus. O que prometi em troca
do meu sorriso?
Onde estás tu, afinal?
Deixo que as lágrimas mastiguem as linhas do meu rosto.
E onde pensava existir um campo árido de mágoa
escorre sal das minhas feridas.
Abertas. Expostas. Deixadas tanto tempo
sem uma palavra, sem uma música.
E com as lágrimas que se alojam nos meus dedos
trémulos, crio e recrio uma escada, um caminho.
Finjo. Finjo crer que existe algo no fim dessa estrada.
Finjo acreditar que sou eu, que me aceno no fim.
Onde estás tu, afinal?
A água turva do lago perpetua o som do silêncio
com que cubro a carcaça do meu sonho.
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