quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Formas de estar no trabalho

Trabalho num departamento onde o trabalho é complexo e mal pago, tenho visto uma alta rotação de pessoal em pouco mais duma década na empresa.

Dos que saem, existem geralmente 3 grupos. Os que emigram, os que se mantém na empresa noutras funções (até eventualmente mais bem pagas) e os que continuam em Portugal e saem para melhores condições de trabalho, sejam elas monetárias ou outras. Deste último grupo, são raríssimos os que não saem azedos com a empresa (por motivos inteiramente válidos).

Ainda dentro deste último grupo, assisto há anos a um fenómeno que me merece alguma reflexão e curiosidade. É incrivelmente comum e transversal nestas pessoas um discurso sobranceiro e muitas vezes abertamente fanfarrão das melhores condições que têm, dirigindo geralmente este discurso para os ex colegas de trabalho, sobretudo os que se mantém na empresa, por uma míriade de razões. Eu tenho as minhas, pessoais, certamente haverão outras.

O que deveras me intriga, é que este fel origina da falta de condições que a empresa e as chefias oferecem aos trabalhadores, mas não raras vezes, é expressado para os trabalhadores com quem trabalharam (por vezes durante anos) junto de.

Se isto é uma forma encapuçada de culpar os trabalhadores de serem "coniventes" por se manterem na empresa ou é uma forma apenas de fanfarronice que por vezes é comum à nossa cultura, francamente ainda não consegui decidir.

O que sei é que é uma atitude que me aborrece infinitamente, não consigo conceber o propósito de esfregar na cara de pessoas que trabalham num sítio onde eles próprios já trabalharam, as poucas condições ou ordenado que auferem.

Nos entretantos, alguns dão algumas voltas e voltam ao sítio do costume, e isso é ainda mais "engraçado".
Merece-me muita reserva, esta forma de estar.

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