sábado, 24 de dezembro de 2022

A perenidade das recordações

Às vezes lembro-me de quem fui, mas não sei exatamente onde fiquei. Sei o momento em que tudo foi mudando, mas não sei exatamente tudo o que mudou.  

Revejo textos escritos aqui, passaram 10, 15 anos? Que incertezas trazia nesses tempos, que certezas trago hoje? Penso que poderia ter feito tantos outros caminhos, onde me levariam? O que poderia perder ou ganhar? .

Os anos passam e geram recordações, novas recordações, a juntar a tantas outras que se acumulam na memória e que, a espaços, me permito revisitar. E na verdade, sei-o hoje,  tinha quase tudo, sem o saber. Se voltasse ao passado, com a sabedoria de hoje, saberia exatamente o que fazer. Mas não posso voltar.

Sei hoje que há coisas que ficam para a vida. Recordações na memória, recordações no coração. Sei também que o que se cria na juventude trazemos para o futuro, e nem sempre se quebra como possa parecer. No passado as relações eram construídas com tempo, dedicação e paciência. Passámos por tanta coisa que o vínculo que se cria é superior à vida, é para sempre. O seu elo é tão forte que se torna praticamente inquebrável, mesmo que não pareça. O seu laço é invisível e permanece no nosso inconsciente coletivo. Na maioria dos casos, apenas arrefece. Na distância duma reminiscência, ele está lá. 

Aprendi agora enquanto adulta que já não consigo criar elos assim. Talvez por isso ainda faça estas visitas ao passado, às recordações perenes que me lembram sempre de nunca desistir de criar. E às pessoas que nele ainda habitam e que ainda me fazem sorrir, mesmo não estando aqui. 

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