quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Os contrangimentos sociais

 
O Natal foi sempre uma época que me divide profundamente, porque nunca resolvi o desejo de querer ter uma família grande e unida e não a ter.
Durante anos, suportei o Natal como outras coisas que carreguei nos ombros, para me trazerem até aqui. Depois houve anos que recebi família e mesmo assim, havia fraturas e ausências impossíveis de solucionar.
Hoje, é mais um constrangimento social que me leva a casas onde as fraturas continuam tão ou mais presentes do que antigamente.
Carrego comigo quem já não está, por um ou outro motivo.
Contrariamente à fs2, eu nunca tive o que queria ter. Nem nunca terei.
Fazer as pazes com o destino e com o deteriorar da minha saúde tem sido um processo longo e extenuante. Construí a réplica possível.
Criar laços humanos verdadeiros parece hoje de uma complexidade insolúvel. Se a culpa é minha ou se é dos outros, ou simplesmente das circunstâncias, é uma questão para a qual não tenho resposta.
O Natal deixou de ter significado e hoje é apenas mais uma data em que me obrigo a estar presente porque é mais fácil do que enfrentar o constrangimento social de não aparecer e isso ser encarado como uma rotura.
Poderemos ser quem somos se ninguém que nos sabia pelo que éramos estiver aqui?
Tenho tido fases em que me viro para dentro, este mês tem sido pontuado de melancolia.

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