quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

In Memoriam - Fernando Pessoa

"Vivo das lágrimas que lembro.
Vivo daquilo que perdi.
Era manhã, era Dezembro.
Tu ias morta, e eu não senti;
Era criança, não senti.

Hoje relembro, hoje relembro
Como tu antes nunca vi.
Finjo, imagino, ou só relembro
Esse amor onde não vivi?
Sei que - tão longe estás! - te lembro
E lembro e amo; morta, ali -
Era manhã, era Dezembro.

Voou longe quanto houve de ti...
Era manhã, era Dezembro.
Mas só hoje é que te perdi."

Este é para a FS1:

"Grandes mistérios habitam
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver.

São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.

Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Ainda que em dia tristonho;
Por o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz."

2 comentários:

fs1 disse...

obrigada fs2. realmente ninguém melhor que tu para dedicar pessoa. :)
são aves cheias de abismo.
são percas cheias de madrinha xD

fs2 disse...

Seja muito bem vinda sua FS ;)*

 

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