Após um curtíssimo interregno, o Mestre volta à nossa PERCA...
"A luz por trás da torre
Faz a torre diferente.
A verdade, quando morre
Morre só porque não mente.
Mente a lua que se esconde
Por trás da torre de aqui,
Mente a torre porque é onde
A lua não está ali.
A lua é só um reflexo,
A torre é um vulto somente,
E assim, num íntimo nexo,
Qualquer diz verdade e mente.
E é desta mista incerteza
De verdade e de mentira
Que nasce toda a beleza -
Que desta hora se tira.
Saibamos, dando guarida
Ao que tudo é de metade,
Fazer bela a nossa vida
Mentindo com a verdade."
"Que linda é quem não és!
Teu anonimato vivo
Dorme, da cabeça aos pés,
Teu corpo, de ti cativo.
Teu corpo é teu prisioneiro.
Vive na cela de ti,
Íntegro, móbil, inteiro,
Ébrio de ti e de si.
És uma frase perfeita
De um livro escrito na vida.
E as vozes com que és eleita
Deixam-te falsa e esquecida.
Entre ti e o que és de bela
Grandes paisagens estão......
Não existes como estás.
Existe-te uma intenção
Que teu lindo corpo traz
À tona da sensação.
És uma alma em cuja vida
Puseram teu corpo a ser.
Essa beleza vívida
És tu, sem te pertencer.
Qualquer espírito alto
Serviu-se de haveres tu
Para esculpir no basalto
Do abismo teu corpo nu.
E assim olhas-me distante,
Mas não te olho. Vejo em ti
Não a alma flutuante
Que usas, mas teu corpo em si.
Bem podes usar em gozo
Do corpo que deram teu.
Fica sempre misterioso,
Filho da terra e do céu.
Não te pertence. Passou
Na terra como o que tem
Mais que tua alma sonhou.
Não vives, e ele é alguém."
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
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1 comentários:
A verdade, quando morre
Morre só porque não mente.
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