"Anos e anos do que não fui eu
Vivi recluso no ser que era o meu.
Anos e anos de que nunca fui
Vivi submisso do meu ser que flui.
Agora, que a viagem é regresso
Ao que deveras sou, deveras peço
Que eu tenha num momento da viagem
Remorsos de mim mesmo ou da paisagem.
Porque, por muito que se a alma tenha
Afastado do mar que as praias banha
Da sua solidão universal,
Volta, de noite, sem que o luar venha,
Ali, num passo antigo e natural."
"Já que por sonhos posso ser quem quero
E por vontade posso ser quem sou,
Solene e alheio, minha vida espero,
E nem sonho, nem quero, nem me vou.
Firme em ser nada, plácido de tudo,
Sem outro anseio que o de conseguir
Um solitário eremitério mudo
Onde me morra o modo de sentir,
Serei rei próprio, governando nada,
Da mais alta janela do meu ser,
Fitando, em trajo ritual, a estrada
De onde ninguém virá para me ver."
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
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2 comentários:
"Anos e anos do que não fui eu
Vivi recluso no ser que era o meu.
Anos e anos de que nunca fui
Vivi submisso do meu ser que flui."
belo...o nosso mestre, fs2 ;)
Parece-me que Zimbardo plagiou a teoria da desindividuação ;)
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