FS2:
"Depois de tentar todos os caminhos, de oferecer todas as palavras, de traçar todos os destinos de vida possíveis e passíveis de almejar e cumprir."
O que é afinal o destino?
Para mim é a teia que nos leva ao final da existência. Pelo menos como a conhecemos. Imagino o destino como uma consequência directa de
escolhas passadas, mas que ainda assim nos oferecem escolhas pré-determinadas, caso escolhêssemos aquela opção em particular.
É este o meu conceito de destino. A porta C e D que só existem quando abrimos a porta A. Porque se tivéssemos aberto a B só existiria a E e F. Logo a C e D não poderiam ser escolhidas. Estariam de parte. E também só teríamos algumas portas à escolha com caminhos pré-determinados.
Fui confusa?
Eu própria sou confusa. Confundo-me e confundo quem me acompanha. Mas no fim do dia respiro fundo e sei que aprendi qualquer coisa.
Aprendi, por exemplo, que pessoas que escolhem o caminho mais fácil pagam sempre um preço a médio-longo prazo. Não podemos simplesmente enganar a vida forever.
Pessoas que se fotografaram e agora se olham com profunda mágoa das escolhas que um dia fizeram. Onde se perderam? Não sabem. Nem descobrirão.
O tempo apaga as pegadas. Deixamos de conseguir percepcionar qual o momento fulcral, que desencadeou todo o processo em que se vende a alma ao diabo.
Pessoas como essas, tendem a apreciar pessoas como nós. Pessoas que ainda conseguem vislumbrar quem foram um dia. Que talvez sejam idênticas quando se olharem no espelho, já idosas, e os olhos ainda forem vivos e honestos.
Quando penso nos dias quentes, laranjas de outono, que me vivem na memória (na memória todos os dias se tornam outono), ainda me recordo. Sei os motivos que guiaram os meus pés a estas águas estagnadas. Sei de mim. Não me deturpo, não me escondo, não me engano.
Não me refugio das palavras. Não amasso a matéria prima do tempo. Recrio-me.
Sei, ainda, os motivos que guiaram os pés de outros para longe destas águas estagnadas. Recordo-os. Se me souberam, não sei. Se me entenderam, se me recriaram nas suas mentes, se as suas memórias também são laranjas de outono.
Há quem diga que o Ser Humano só encontra o seu sentido no outro. Eu encontro o meu sentido na PERCA da inocência.
O tempo apaga as pegadas.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
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2 comentários:
Como diria a Sophia "O tempo apaga tudo menos esse /Longo indelével rasto/Que o não-vivido deixa." Eventualmente o que o tempo não apaga é o longo indelével rasto de viver erróneamente. Penso assim que, apesar de tudo, o tempo joga a nosso favor.
Recolhi agora uma gravidade no teu texto. Há quem diga que a felicidade só faz sentido na interacção social. E mais não digo ;)
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